993300>Surpreendo-me de sorriso pingado, embeiçado, com os extremos da boca a tombar para o queixo. Estão decerto a ver a expressão em pose, tipo asno semi-morto, indiferente às carícias do chicote, todo a modos de "já não dá de maneira alguma"... Estão, estão a imaginar?
Como uma Usineira há tempos aludiu, dá-me a sensação que viajo num avião donde a equipa de pilotagem propositadamente deu o fora e ainda ninguém deu por isso. Entre tantos sabidos passageiros, conhecedores profundos de todas coisas, alguém no momento crucial colocará a nave no solo...
Na fila central o Toninho, em labial "vrrrrrr", rodopia de braço no ar com um aviãozinho amarelo às voltas, às voltas, "vrrrrrr", "vrrrrrr"... E eu adormeço, tranquílo, descontraído, confiante no preocupado e douto saber dos meus companheiros de trajecto aéreo... Aéreo, repito!
Interessante e curioso: todo o mundo tem solução, todo o mundo é médico exímio da vida. Qual é o problema, qual é?... Zás e zás... Eis o remédio!... "Ora, para uma psicose é necessário muito repouso... Muito repouso...". A cambada não cessa. Dá ideia de que nem sombra tem.
Quando acordo depara-se-me uma montanha de escombros entre fumaça... Um anafado homenzinho que em voo se atirava a um belo bife com ovo e batatas fritas, está de cócoras, de rosto aflito e ensanguentado, a expelir a refeição que comeu há cinco minutos.
Ao ver que me soergo, interpela-me: "Oi, cara, não tem por aí um pedacinho de jornal?!"...
Torre da Guia
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