São abundantes, no Brasil, os livros que explicam, desenvolvem e aplicam os postulados marxistas. Como os livros concorrem poderosamente para a formação das mentalidades, o resultado é que a bibliografia disponível entre nós constitui e fortalece um senso comum inspirado naqueles postulados, que passam por verdades indiscutíveis porque indiscutidas.
Fazem falta livros que ofereçam um contraponto aos consensos marxistas. Embora raros, eles existem: é o caso de "As falsas bases do comunismo", de Alfredo Pereira (Editora Vila do Príncipe Ltda., 2003).
Nesta obra, que se lê com deleite e proveito, o autor demonstra: 1) que, longe de ser uma doutrina "científica", como se arroga ser, baseada na observação dos fatos, o marxismo imagina-os e teoriza a partir do que fantasiou, com base na célebre dialética, cuja natureza metafísica persuadiu-me de que o "socialismo científico" não passa de uma mistificação; 2) que o marxismo incorre no erro, aliás grosseiro, de reduzir a realidade social às relações econômicas, subalternizando o valor dos condicionantes extra-econômicos, na formação da "superestrutura" (idéias, valores, religiões, moral, direito etc) e que, portanto, o seu conceito de "ideologia" é conversa fiada; 3) que, por isso, ele é um instrumento mesquinho de análise social; 4) que ele é incapaz de conceber como será a futura sociedade comunista, segundo o confessou o próprio Lenine, e que, portanto, o seu valor como "projeto" social é nenhum; 5) que o resultados práticos a que levou foram a pauperização do operariado ( que segundo Marx, era o grande mal do capitalismo) e a "estadocracia", no dizer do autor, ou seja, um despotismo pior de tudo quanto já se viu nos países capitalistas; 6) que a luta de classes baseia-se em uma psicologia maniqueísta, segundo a qual os trabalhadores, são, por definição, bons e vítimas, e os capitalistas, maus e vitimadores; 7) que a luta de classes consagra o individualismo e o egoísmo, leva à exacerbação dos conflitos e não à concórdia social, e que, portanto, o marxismo fomenta o ódio, o que é odioso; 8) que Lenine considerava as idéias como instrumentos da luta política, independentemente da sua verdade ou falsidade e que, portanto, era um falsário intelectual e um mau caráter.
O autor inspira-se no Positivismo de Comte, que as esquerdas tacham de ideologia reacionária, burguesa, autoritária, ultrapassada etc. Não admira que vituperem uma doutrina que desmascara o "progressismo" e que oferece uma alternativa aos seus padrões de pensamento. Aliás, a sanha das esquerdas contra o Positivismo revela-lhes o exclusivismo intelectual, por repudiarem uma doutrina que, não obstante combata os fundamentos do marxismo, considera urgente a "incorporação social do proletariado". O marxismo não é o único caminho em direção a uma sociedade justa, solidária e fraterna.
A quem, como os brasileiros nas últimas décadas, está habituado a só ouvir as "verdades" marxistas nos media, nas escolas e nos livros, "As falsas bases do comunismo" é uma obra iluminadora, "crítica" e "consciente", e que, por sê-lo, rapidamente será amaldiçoada pelo nosso "imbecil coletivo".
PREÇO: R$23,00 mais R$2,00 de porte.
AQUISIÇÕES: por cheque nominal cruzado, à Editora Vila do Príncipe Ltda., rua Teixeira Coelho, 474, Curitiba, 80420-150; ou por depósito no HSBC, agência 0054, conta 335-14-16, com expedição do comprovante do depósito pelo telefone de número 041- 224-76-20."