"ALCÂNTARA PARA A UCRÂNIA PODE? E A “SOBERANIA NACIONAL”?
HEITOR DE PAOLA
07/06/2003
Há cinco dias venho postando, mais de uma vez por dia, em todos os grupos Yahoo! apropriados que freqüento, a pergunta que serve de título a este breve texto. Como são grupos em que existem “nacionalistas” que vociferaram contra o aluguel para os EUA – e naqueles termos eu também sou contra – esperei ler os mesmos protestos patrióticos. No entanto, o que obtive foi um silêncio sepulcral! Nem um pio! Manifestação espontânea só do Sr Dydimo Borges, que postou um pequeno texto, que não sei se é de sua autoria, defendendo o aluguel para a Ucrânia e acordos sobre mísseis com a Rússia, China e Índia. E diz que isto não fere a soberania nacional como o anterior. Só não explica por quê, restando então est’outra questã (como era culta e bela a última flor do Lácio!).
Quando uma pergunta não é respondida o perguntador se põe a matutar. Deparei-me com um par de idéias na minha cachola. Podem surgir outras, mas por enquanto me ocorrem duas razões para tão obsequioso silêncio que nem o Papa consegue impor aos sacerdotes católicos.
Acho que entre os silenciosos se encontram alguns patriotas sinceros, principalmente militares, que confundem patriotismo com nacionalismo fanaticamente antiamericanista. Estes possivelmente se deram conta do absurdo da idéia e, envergonhados, se calam. Mas penso que ainda vão se manifestar contra esta submissão abjeta.
Outros, no entanto, estão rindo à socapa (ui!) pois era exatamente isto que queriam: uma base para mísseis nucleares – a Ucrânia é uma das três ex Repúblicas Socialistas Soviéticas Federadas que possuem mísseis e ogivas de até 50 megatons, junto com Rússia (100 megatons) e Cazaquistão – bem próxima ao território americano, como a URSS tentou fazer na década de 60 no seu satélite caribeño. Só que, se eu pensei nisto, é inadmissível que Bush, Cheney, Rumsfeld, Wolfowitz, a CIA e etc., também já não cogitaram a mesma coisa. Será que nossos “nacionalistas” do segundo grupo, que assinam Brasil Acima de Tudo – mas cujo lema verdadeiro parece ser delenda est Washington - acreditam mesmo que isto vai vingar? É claro que não. Estão provavelmente torcendo para que, mais dia menos dia, os EUA exijam a retirada imediata dos mísseis, como Kennedy o fez em 61, para voltarem a bradar seus inesgotáveis e cansativos slogans contra o “imperialismo ianque” e a autodeterminação dos povos.
Como a distância entre ultranacionalismo e socialismo é de 359,5 graus, basta um tantinho de nada para se encontrarem no nacional-socialismo. E aí estaremos fritos e mal pagos – literalmente, pois esta união só leva à tirania e à miséria. Lênin saiu-se pela esquerda, eliminando os nacionalistas; Hitler fez o oposto. Mas dá tudo no mesmo!
AVISO: infelizmente não recebi um tostão do Tio Sam para escrever isto, mas se vier vem bem, e darei notícias, inclusive pagando o IRPF relativo ao pagamento."
