Em letras estendidas em verso, à procura do mistério incandescente que ilumina energicamente as palavras, Cesariny transforma-se em afiadíssima lança ímpia, autêntico incenerador do pecado antecipadamente perdoado. Morde fundo, enraivecido a babar-se em mel...
"Oh... Como sinto estes parvos a sentirem-me estranho e não sei como adoçá-los..."
Aprecie-se o vatíssimo um naquinho:
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte... Violar-nos... Tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas... Portas por abrir
e escadas e ponteiros... Crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Cesariny, se conhecesse e metesse um só poro na Usina, não descansaria enquanto não escacasse o monitor bem no centro da cabeça dos anjos anjolas que por cá andam a fingir que voam. Não, não descansaria até que lhes depejasse sobre o caco a anilina fervente da cor certa. Seria bem capaz de esvaziar a bolsa até rasgar para lhes oferecer em sorriso às curvas um doberman, cadela com corte de orelha à diabo, para lhes comer as mãos rentes à borda da manga arregaçada.
Viria logo enviezar-me a recomendação: "Quem és tu Torre para me dares um sinal destes? Que parvalheira é esta que atiçaste ao faro da minha janela?"
É... E eu?! Eu teria de ir com verso, continuamente às voltas, para suportar-lhe os raios do olhar até que tossisse e sorrisse em largo adunco, mensagem gestual de que estava a cair-lhe bem...
Oh mãe... Que graça tem nascer
para suportar a inteligência do pai
vá... Mãe... Diz-me... Que graça tem?!
Arre... Mário... Empresta-me o título do poema para justificar uma palavra:
YOU ARE WELCOME TO USINA
Torre da Guia |