Apresentou-se irmãozinho ávido por utilizar a mão do médium para traduzir sentimentos e pensamentos na forma poética. Acreditava que era só tomar o lugar, para que, ao influxo de suas sugestões, pudesse o instrumento compor, com energia e sagacidade, algum texto que contivesse ritmo certo, como se fosse tão-só preciso das palavras para escrever poesia. Não foi capaz, evidentemente, pois lhe faltou “inspiração”, uma vez que nenhum estudo fez dessa “forma peculiar de linguagem”, como ele mesmo frisou.
Sabemos que não é fácil até mesmo para médiuns mecânicos apanhar ditados na forma de versos, uma vez que é preciso desenvolver senso de “ritmo interior”. Claro está que é o caso de nosso escrevente, que se dispôs ao trabalho na esperança de ver concretizada antiga aspiração. Esperamos que não se veja no “atrevimento” do nosso atabalhoado poeta nenhum desestímulo para prosseguir oferecendo-nos o concurso de sua pena.
Quanto aos aspectos doutrinários envolvidos na longa lista de “versos”, pode-se perceber que o irmãozinho não é maldoso, apenas ignorante. Está presente, ouvindo atentamente a nossa fala, buscando compreender o que o levou a proceder com tamanha inconsistência. Os nossos companheiros traduzem para sua terminologia a nossa arenga, para que fique confiante em que lhe ofereceremos os recursos necessários para que venha a suplantar as deficiências.
Como se pode notar no desenvolvimento da mensagem, tomou consciência de suas dificuldades e da necessidade de aperfeiçoamento, para que possa oferecer os préstimos junto às equipes socorristas. Não estamos autorizados a lhe garantir sucesso pronto nem remoto. Apenas podemos aconselhá-lo a se manter nesta atitude respeitosa diante do saber, para que possa considerar-se tão-só aprendiz, muito necessitado de ajuda e de esclarecimentos. Se concordar de boa mente, iremos encaminhá-lo para centro educacional, onde deverá inscrever-se, segundo seu nível de desenvolvimento, para principiar os cursos necessários para que sua capacidade floresça à luz dos ensinamentos evangélicos.
É bom manter o texto intacto, por dois motivos: 1.o) é o exemplo vivo de que os médiuns devem tomar o ditado sem assumir a responsabilidade pelo conteúdo e pela forma, a qual será atribuída ao espírito que perpetrou a transmissão; 2.o) é texto elucidativo do grau de desenvolvimento moral e intelectual de seu autor, que, futuramente, após prolongada estadia junto às organizações educacionais, poderá cotejar o desempenho anterior com a sua capacidade, obtendo da comparação como que recompensa pelo trabalho a que se tiver dedicado.
Afora estas considerações, achamos inútil insistir junto ao leitor que desconsidere o teor da mensagem, pois foi o resultado de atrevimento de espírito obsedado por idéias de poderio intelectual, sem o competente talento. Seria desalentador para todos nós que se visse nesse texto qualquer mérito, no sentido da elevação moral que se deve exigir dos mensageiros evangélicos e dos socorristas. Caso paire qualquer dúvida, devemos, finalmente, esclarecer que, se algum “verso” contiver a tradicional métrica dos heptassílabos ou redondilhas maiores, se deve unicamente aos hábitos de leitura do médium.