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Artigos-->A MENTIRA -- 11/03/2003 - 16:58 (Daniel Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A MENTIRA





Ensinaram-nos de pequenos a não mentir. Castigaram-nos por termos mentido quando éramos putinhos rebeldes, meninos de bata pré-escolar, fedelhos colegiais. Nós, putos coitadinhos, só por esperteza e reguilice, imitávamos os adultos. Fartavam-se de nos mentir, no dia santo e memorável do pai Natal com a sua vinda para ofertar prendas e brinquedos transposta a longínqua distância em trenó rebocado por veados, e vencido o túnel da chaminé; depois aldrabavam-nos com o nascimento dos irmãos/ - era a visita das cegonhas generosas com bebés aerotransportados, considerada como uma dádiva ao lar e à família dos recém-nascidos.

Éramos aprendizes putativos, mal torcidos, mas não nos deixavam exercer a actividade de fantasiar noutros domínios com as aprendidas mentirinhas inócuas, apesar de tudo mentiras.

Crescemos a repudiar as mentiras e a só consentir aquelas que nos impingiam em certas áreas que decididamente só os adultos consentiam. Depois verificámos que entre eles também havia um código de conduta que só eles manipulavam, como uma espécie de arte de enganar os tios nas contas e nos terrenos das heranças, observávamos a habilidade de se enganar o cônjuge, ou o parceiro, ou os outros seres humanos que com eles se relacionavam desde o simples negócio até ao mais complicado direito distorcido de propriedade quer fosse individual quer comum.

Chegávamos então à conclusão que só depois de adultos, e só então, é que seria permitido mentir com as manhas das pessoas espertas e sabedoras. E essa aquisição (a arte de mentir), tinha de mostrar esperteza, ladinice, da parte de quem a utilizava, como acontece com a venda de produtos transaccionados pelos mercadores árabes e ciganos, pedindo por uma mercadoria três vezes mais do que o seu real valor se fosse genuína, quando não é falsificada, contrafaccionada, para depois descerem o preço por aí abaixo até ao preço mais ou menos justo, acontecendo isto unicamente se soubermos marralhar, disputa que o vendedor aprecia. Dá-lhe luta, dá-lhe consequentemente importância.

Em suma, não tenhamos dúvidas, uma mentira tem que ser bem pensada, bem fantasiada, senão ofende quem a ouve!

Da família esta aprendizagem passa para a comunidade, depois para a sociedade, seguidamente para o exercício da cidadania, mais tarde para a Política Esta que passou e habituou-se a ser considerada a Arte de enganar o povo. Que bem merece! Não soubesse ele que a natureza humana é mesmo assim! Ou julgam que é tolo! Enganar é genético, é uma atitude, um modo de ser, de estar e de agir, geracionalmente transmitidos nos genes mais profundos e enraizados da matéria pecaminosa de que somos feitos, desde a Idade das cavernas, por isso tenham lá paciência mas temo-nos de conformar com a nossa condição humana.

A mentira que causa mais estragos na sociedade é a Política, porque além de não ensinar nada, não corrige, não esclarece os defeitos do ser humano, nem se interessa por criar as condições necessárias para que mentalidade mude, para que a Cultura evolua como qualquer outro ramo científico ou filosófico.

Quando se vê autarcas a serem re-eleitos, ainda que tenham cometido as maiores trapaças financeiras nas Autarquias, não nos resta senão rendermo-nos à evidência. O povo até gosta e aprecia um desvio aqui, outro acolá, coisas de pouca ou muita monta, o dinheiro não é do povo é do Estado, porque enfim homens são homens, mulheres são mulheres, e se não andarmos neste mundo para nos orientarmos e ganhar dinheiro para os acessórios, os sinais de riqueza que os ricos ostentam, então é porque o político que o não faz é mesmo burro, ignorante e nem para ele sabe ser bom quanto mais para os outros!

Mediante isto, queridos leitores, quem é que se pode admirar que um Ministro, primeiro ou segundo ou décimo primeiro, minta com todos dentes e respectiva cachada, e nos engane de vez em quando que é para andarmos todos contentes a julgar que andamos no melhor dos mundos, e que agora é que vai ser, vamos almejar a superioridade de Nação rica e gloriosa dos lusíadas, a que temos direito reconhecido no concerto das Nações, porque o português é melhor do que qualquer outro povo na restauração de faculdades perdidas, na recuperação de atrasos ancestrais, na retoma da dignidade e do prestígio internacional.

Somos de facto genuínos, havemos de morrer lutando com uma bandeira viva e multicolor com as quinas arreigadas de Salazar ou do D. Miguel (para retrocedermos mais um bocado na extensão do tempo), já que nos está vedada a lança de D. Quichote de la Mancha contra moinhos de vento, porque este mito espanhol pertence aos nossos inimigos de outrora, cada vez mais próximo, se calhar para nossa felicidade, se lhe juntarmos imprescindivelmente outros dissidentes civil-desobedientes europeus, que também chegarão, quer os oligarcas e os plutocratas deste couto à beira mar estrumado na cabeça da Europa, queiram, quer não, e jamais, o desejem!



http://armandofigueiredo.planetaclix.pt



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