Programas vespertinos têm transformado a tv num verdadeiro circo de horrores, onde as pessoas se expõem a troco de 15 minutos de fama. Garotos “possuídos” pelo espírito do pai atraem a atenção das pessoas por uma semana ou mais. E quando seus irmãos se tornam homossexuais após a morte do pai, os índices saltam. E aí aparecem videntes, sensitivos, exorcistas, psiquiatras e toda a espécie de especialistas para ajudar esses garotos e sua mãe sofredora.
E há ainda o suspense das grandes revelações que só irão ao ar “no próximo bloco”. Tudo uma estratégia para manter o espectador ligado a cada bloco, e quando se dá conta o programa terminou e a revelação ficou para o próximo programa. E as pessoas certamente irão assistir, porque já estão “envolvidas” com o caso. E assim se seguem os casos não concluídos que prendem o espectador programas seguidos até que o caso se conclua e comece outro, perpetuando o ciclo.
É assim que programas desse tipo se sustentam no ar: usando o suspense de histórias bizarras, mas também muito comuns. E porque as pessoas param para assistir o primeiro?
Uma explicação é que as pessoas queiram ver que outros em situação igual ou pior que a sua. Outros também assistem apenas para se divertirem com a desgraça alheia. Ou o pior deles: a falta de opção por uma programação de qualidade.
Não se pode exigir das autoridades um controle, pois isso seria censura e fere a constituição. O próprio telespectador pode atuar como um regulador deixando de assistir programas que lhe desrespeite. Isso, teoricamente, forçará as emissoras a melhorarem a qualidade de sua programação. Contudo, infelizmente o brasileiro não tem formação cultural para tanto. Enquanto, ou nos sujeitamos ao que está aí, ou pagamos para assistir uma coisa melhor.