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Artigos-->O Drama Deles -- 17/01/2003 - 05:28 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O DRAMA DELES



— Amor, adivinha o que o Flavio nos deu de presente de casamento?

— Não tenho a mínima idéia — responde ele.

— Não quer arriscar?

— Sei la´, um som?

— Não.

— Então, o que?

— Chuta ai? O que Você pediu?

— Nada. Qualquer coisa.

— Bem, ele deu um dvd. E como nos já temos um vamos vendê-lo e comprar um som.

— Ei, perai, meu bem, as coisas não são assim; ele foi meu padrinho, quem decide sou eu.

— Não. Nos estamos precisando de dinheiro.

— Pra que?

— Ora, todo mundo precisa de dinheiro.

— Querida, as contas estão pagas, um som e´barato.

— Então manda trocar.

— Jamais. Não vou incomodar o sujeito de maneira nenhuma. Ele já fez muito.

— Ah, se eu encontrar eu vou falar, não tenha nem duvida, quero nem saber..

— Meu Bem, assim não da não estou te reconhecendo.

— Você pensa o que, gastei dinheiro nesse negocio.

— Eu, não, por acaso?

— Você quer botar no papel?

— Quero, vamos lá.

— Os moveis?

— A cômoda foi eu, meu bem. A estante tambem.

— Ta, e fogão, geladeira, sofá?

— Esqueceu a cama de casal, querida?

— Vamos contar então?

— Sacrifício por sacrifício?

— Quem trocou o conforto por essa espelunca?

— Espelunca? Isso aqui e´ espelunca? Va casar com o Onassis, minha filha?

— Dexei meus padres, fui me meter-me com um artistazinho sonhador, agora estou nessa atoleira.

— Meu bem, casaemnto não e´ negocio.

— Eu não vou ficar com dois dvs, ta ouvindo.

Bem, o fato e´ que duas horas depois o casal estava em prantos, sentindo-se miseráveis, ambos irreconhecíveis em lagrimas, pois o inesperado e valioso presente despertara ambições e sombras em ambos. Sentiam desejos suicidas, homicidas e fratricidas. Quase sangraram de sofrer...

A noite a angustia de morte espoucou nele num sonho libertador. Sonhou que amarrara o dvd ao estomago como se fosse um terrorista e atirou-se da janela. Lá embaixo encontrara entre fragmentos do presente, seu corpo inerte e sorridente, finalmente em paz e no nada que sempre pedira aos céus.





09/01/2003

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