Já foi o tempo em que as pessoas ficavam aguardando caírem do céu os milagres, lembrança, talvez, de quando o povo de Israel atravessava o deserto e se alimentava do maná prodigalizado pelo Senhor. Esperar cair do céu é atitude comodista dos que não têm crença segura, apropriada para reter na memória os fatos maiores da revelação do Cristo, que pautava todos os seus atos pela misericordiosa visão do bem.
Hoje, não mais se podem obter “favores” tão explícitos do céu. Hoje, os socorristas se restringem a observar qual o melhor meio de se aproximar do indivíduo, estimulando seus centros magnéticos com várias finalidades, menos aquela de fazer o que deveria ser realizado pelo irmão encarnado. Quase sempre se lhe projetam na consciência cenas em que se vê às voltas com problemas concretos, para os quais dá solução pautada em seu costumeiro modo de agir. Se, em sua imaginação, a solução encontrada for plausível, fica fácil o entendimento. Se a solução for fantástica, irreal ou simplesmente impossível nas circunstâncias da atribulação, passa-se à análise dos motivos psíquicos que despertaram para aquela reação, podendo a pessoa conhecer, de modo inequívoco, qual é o problema a enfrentar, seja de ordem moral, seja de ordem material.
Conforme tiverem sido o poder de concentração e o descortino de cada um, podem os espíritos acrescentar a sugestão de outras cenas, de fatos correlacionados com o problema em questão e repetir o processo todo até que se dê à luz o modo de se chegar a resultado positivo que, aplicado ao fato real, poderá oferecer boa margem de segurança para a sua solução.
Esse é o maná que podemos oferecer. E não é pouco, tendo em vista que muitos indivíduos são induzidos a erro, inadvertidamente, por espíritos sofredores, que se comprazem em perturbar a vida dos encarnados, quer para simplesmente se divertirem, quer mais seriamente para perpetrarem vinganças, mesmo que não seja aquele o alvo a que visavam, pois é do seu costume atirar para todo lado, não distinguindo sequer os seus desafetos.
Quando estivermos, pois, a ponto de tomar decisões que envolvam perspectivas de ajustamentos sociais e/ou psicológicos, é oportuno dedicar alguns momentos à meditação, para observar se nenhuma conseqüência vai oferecer perigo a nós mesmos ou a algum de nossos semelhantes.
Ajuda, neste aspecto, ter conhecimento dos espíritos guardiães, daqueles antigos “anjos da guarda”, que eram evocados por nossos antevos, os quais possuíam inteira convicção de sua existência e de assistência nunca negada. Isto não é esperar que caiam do céu as soluções para nossos problemas, mas propiciar possibilidade de esclarecimentos que, muitas vezes, nós mesmos, por estarmos desatentos, não somos capazes de enxergar, na ânsia de nos livrarmos das situações complicadas em que nos sentimos periclitantes. Finalmente, para que o apoio se dê em sua plenitude, deve-se oferecer prece que magnetizará o ambiente, propiciando clima favorável ao contacto.
Desse modo, esperamos ter trazido um pouquinho de nossos conhecimentos para auxiliar os nossos irmãos encarnados, que, muitas vezes, se angustiam sem saber ao certo o que fazer em determinadas situações.
Quando ocorrerem fatos que venham a perturbar o ambiente, sem envolver diretamente a pessoa conhecedora dos processos do socorrismo espiritual, então o procedimento deve ser análogo. A partir da prece, invoca-se a ajuda de equipe socorrista (agora um só elemento não será suficiente). O grupo, à vista dos acontecimentos, aplicará os diversos recursos de que está equipado, em busca, inicialmente, de atenuar os efeitos morais e psíquicos que os entreveros tenham causado. Em seguida, procurará inspirar a cada um dos contendores idéias de superação das dificuldades, procurando incutir nas mentes o ponto de vista contrário, para que venham a ser bem entendidos os motivos que levaram os oponentes a procederem pela maneira que o fizeram. Caso persista o impasse, há ainda o recurso de se juntarem ao grupo dos litigantes pessoas que venham desarmadas moralmente para os debates e possam contemporizar.
É preciso, neste momento, chamar a atenção para fato muito comum atualmente: grupos de pessoas, em graves situações em que há até perigo de vida, costumam agir sob o influxo dos espíritos pouco desenvolvidos a que acima nos referimos e, em lugar de buscar sustar o confronto, ao inverso, colocam mais “lenha na fogueira”, ateando o fogo da discórdia. Esses são casos extremos em que, posteriormente, através de influenciação mental realizada individualmente, cada um revive a cena e se situa dentro dela para verificar se sua atuação esteve de acordo com os princípios de vida que se inserem em suas consciências, ocorrendo, na maior parte dos casos, que venham a arrepender-se do que fizeram, principalmente se, do distúrbio, vier a resultar algum fato grave, como acidentes, prejuízos ou mortes. No entanto, em nenhum caso e para nenhum indivíduo, vai acontecer de ser deixado sem auxílio.
Por outro lado, voltando ao nosso tema inicial, quando o indivíduo tudo espera ver cair do céu, aí ocorrem dois fenômenos espiríticos de importância. O primeiro diz respeito ao fato de ter de manifestar vontade contraditória, pois, se for obrigado a agir, como é que irá interpretar o auxílio recebido? Seria mais fácil raciocinar a respeito das causas e das soluções e da aplicabilidade das idéias que vierem a ocorrer, selecionando a que melhor se ajuste ao momento e às circunstâncias. Dessa forma, não terá a sensação de ter recebido ajuda externa e não se verificará o dilema aludido. Em segundo lugar, devemos ater-nos ao fato imediatamente posterior à manifestação do desejo de obter solução miraculosa: o despertar para a circunstância em que se deu o fato, ou seja, a pessoa percebe, em seguida, que estava, com sua insensata atitude, onerando os compromissos divinos que se inscreveram indelevelmente nas Sagradas Escrituras, especialmente nos Evangelhos, segundo os quais o Pai reserva para todos os homens de boa vontade lugar em seu reino, mas cobrará de cada um série de virtudes a serem adquiridas no transcorrer de cada existência carnal. Sendo assim, não devemos aguardar que caia do céu o maná da salvação, mas devemos lutar para conseguir, através de nossa sabedoria, avançar nas sendas do Senhor.
Graças a Deus! Deste seu novo amigo e companheiro de jornada, iniciante na transmissão mediúnica, aluno da “Escolinha de Evangelização” e preposto dos colegas para levar a mensagem à luz do dia, Luís.
COMENTÁRIO — HOMERO
O irmão Luís não é tão novato assim como quis fazer crer a nós, no domínio do aparelho mediúnico, nem é tão iniciante nos conhecimentos de além-fronteiras carnais. Evidentemente, é dono de luz bem poderosa, que se expande em raios suficientes para nos envolver a todos nós, que labutamos em torno do médium para fazê-lo trabalhar serenamente.
Tem amplo cabedal de conhecimentos ou não discorreria com tanta facilidade e proficiência a respeito de tema que apresenta aparato técnico complexo. Não nos iludamos, pois, com suas palavras de humildade e saibamos reconhecer em seu texto lição de profundo vigor, pronta a ser aplicada por quantos se vejam em condições de entendimento das verdades reveladas.
Com isto, queremos dizer que nos sentimos muito realizados em nosso trabalho, pois estamos a merecer o contacto de elementos de níveis superiores ao nosso. Graças a Deus!
Ao companheiro, ficamos muito agradecidos, pois é gratificante recebê-lo como co-participante de nossas atividades. Muito obrigado, irmão, pelos esclarecimentos e volte sempre, que estaremos prontos a recebê-lo com alegria e afeto.