A idéia de se fazer um texto sobre o jogo Magic, surgiu mesmo de uma ridicularização de uma idéia minha de se fazer um deck de ratos.
Um amigo meu disse: "Monta seu deck e depois faz um roteiro com ele", em forma de gozação. Pois bem, o deck está idealizado em papel, preciso só das cartas para montá-lo, o que não é difícil.
Para não pensar muito sobre a idéia da estória, eu meio que plagiei um conto de Machado de Assis: Cantiga de esponsais. A essência é a mesma: a vida da pessoa está vinculada à capacidade de realizar algo bem; ela se realiza, se satisfaz em parte com isso. Quando alguém se mostra melhor que ela naquilo, ela perde o pouco do sentido que mantém da vida. E morre, tanto literalmente quanto psicologicamente.
No "Evil deck": A derrota na competição duas vezes seguidas, acabou com aquilo que Paulo julgava fazer com perfeição. Mesmo que fosse apenas sorte do adversário, duas derrotas eram impensáveis para ele que julgava ser o melhor naquilo que fazia.
No "Cantiga de esponsais": Quando Romão percebe que não consegue compor uma canção com facilidade e vê a namorada de outro, no meio à felicidade que ele tinha perdido com a morte de sua esposa, simplesmente a compô-la espontaneamente como se fosse algo muito simples, ele vê que não tinha o que desejara tanto: a vocação de compor, embora fosse um regente magnífico, e a felicidade perdida em decorrência da falta do anterior e da falta de sua esposa. O desgosto ao ver aquilo, a facilidade e a felicidade que não tinha, o destruiu por dentro; "À noite, expirou".