Quando se fala de emigrantes do Leste ou da integração de novas nações na Comunidade Europeia, vem sempre à baila a alta qualificação dos naturais desses países.
Na nossa memória desfilam também os feitos dos seus desportistas, dos seus cientistas e a qualidade dos seus Serviços de Saúde.
Nessa altura, diziam as más-línguas que os trabalhadores «do lado de lá» não tinham motivações porque eram meros funcionários públicos sem quaisquer incentivos.
Por cá, éramos e somos trabalhadores «improdutivos»! - Só mostramos a nossa produtividade quando atravessamos a fronteira…
Porque teriam soçobrado os países de Leste, com todo o seu potencial e com a qualificação dos seus trabalhadores?
Porque serão os trabalhadores portugueses tão improdutivos em Portugal e dos melhores quando emigram, mesmo sem qualificações?
Em ambos os casos, o defeito parece-me ser dos gestores: dum lado gestores políticos que não souberam dirigir os seus países; do outro, gestores públicos e privados que, com raras excepções, não se souberam actualizar, preferindo levar as suas empresas obsoletas de derrota em derrota até à falência final.
Tanto num como noutro caso, foram os trabalhadores que perderam, com a emigração e o desemprego sempre no horizonte. Os gestores, esses, nunca ouvi dizer que ficaram a pedir esmola nem a arrumar automóveis… Parvos não são eles!!!
O comunismo, apesar de tudo o que se disse, ainda deixou como herança uma população qualificada. Cá, o anterior regime, nem uma maioria de gestores dignos desse nome nos deixou!