Usina de Letras
Usina de Letras
18 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63299 )
Cartas ( 21350)
Contos (13303)
Cordel (10362)
Crônicas (22579)
Discursos (3249)
Ensaios - (10703)
Erótico (13595)
Frases (51824)
Humor (20190)
Infantil (5622)
Infanto Juvenil (4961)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141334)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1967)
Textos Religiosos/Sermões (6365)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Dragão Vermelho -- 22/11/2002 - 01:25 (Janus Mazursky) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DRAGÃO VERMELHO



De vez em quando, os executivos de Hollywood cometem grandes bobagens. Na ânsia por faturar alguns milhões de dólares com o prestígio de filmes importantes, armam-se continuações fajutas, que não contam com o mesmo impulso criativo autêntico do original. Criam-se verdadeiros frankensteins cinematográficos, filmes de gabinete, onde um produtor contrata um diretor, um roteirista e um elenco e os coloca no liquidificador dos estúdios, na esperança de que dessa alquimia surja algo tão lucrativo quanto o filme que está sendo imitado. O resultado é o desastre, como bem sabem os aprendizes de feiticeiro. “Hannibal” é um desses casos. Junta-se um Ridley Scott preguiçoso com um Anthony Hopkins canastrão e um Gary Oldman patético para produzir um “trash” vexaminoso. Um filme que fica a anos-luz de distância do já clássico “Silêncio dos Inocentes”.

De vez em quando, os executivos consertam a bobagem que fizeram. Uma série que parecia morta e enterrada por um segundo filme horroroso é ressuscitada e volta a ser interessante por força de um terceiro filme que retoma o espírito do original. “Dragão Vermelho” é um desses casos. Junta-se um diretor regular e esforçado como Brett Ratner, o sempre ótimo Eduard Norton, um relaxado Anthony Hopkins, um competente elenco de apoio com Harvey Keitel, Emily Watson, Ralph Fiennes e Phillip Seymour Hoffman e tem-se um excelente suspense policial.

Claro que depois do prejuízo causado por “Hannibal”, fica difícil fazer qualquer comparação com o filme original. O canibal foi transformado em personagem principal da série. É como se os produtores quisessem dar mais um pouco de Hannibal Lecter para saciar a sede de maldade do público. Mas a idéia por trás de “Dragão Vermelho” não é essa. O filme é baseado no primeiro livro de Thomas Harris, o autor dos “best sellers” em que se basearam os outros dois filmes, apesar de ser o terceiro a ser filmado. Se bem que na verdade trata-se de uma refilmagem, pois o mesmo livro foi filmado por Michael Mann em 1986. Tentou-se vender este “Dragão Vermelho” como sendo o filme que conta a história que como o canibal Hannibal foi preso.

Mas a idéia também não é essa. O dr. Lecter é preso logo no início do filme. A situação a ser explorada é praticamente a mesma de “Silêncio dos Inocentes”, em que o psiquiatra psicopata colabora com a polícia para ajudar a elucidar os crimes de outro “serial killer”. A diferença é que se trata do próprio policial que o prendeu. Uma das teses do dr. Lecter sobre o assassino é de que ele está evoluindo, está aprendendo com seus crimes, tornando-se mias letal e perfeito entre uma carnificina e outra. Podemos aplicar a tese para o próprio Thomas Harris.

O conceito do psiquiatra-psicopata-que-auxilia-um-policial estava ainda em desenvolvimento nesse “Dragão Vermelho”, chegando à sua elaboração mais perfeita somente no livro seguinte, que deu origem ao “Silêncio dos Inocentes”. O primeiro livro, que é o terceiro filme, é um ensaio para a verdadeira obra-prima. Um ensaio que já revela excelentes qualidades, mas ainda não está completa.

Talvez o que falte a esse “Dragão Vermelho” para concorrer com seu primo mais famoso seja um pouco da complexidade psicológica que há em “Silêncio”. O autor encontrou um mote genial, mas ainda não o desenvolveu plenamente. O dr. Lecter não analisa o policial que o prendeu como faz com a agente Sterling, que viria consultá-lo depois. A relação entre os dois não é tão bem desenvolvida. Não é tão fundamental para a resolução da trama, não é tão catártica quanto seria para a agente Sterling.

O que leva o policial ao Dragão Vermelho do título não é uma sofisticada sutileza psicológica, conforme a expectativa do espectador deseja. É um detalhe mais policialesco, detetivesco, convencional, que não nos revela meandros profundos e sombrios da alma humana. Não entrega exatamente o que prometia. Mas em compensação traz um bônus, que é a nervosa relação que se desenvolve entre os personagem de Ralph Fiennes e Emily Watson.

A fórmula ainda estava em maturação, mas já era poderosa. Trata-se ainda de um ensaio, mas nem por isso o espectador sai ileso do cinema. O “Dragão Vermelho” pode não ser um competidor à altura do “Silêncio”, se se quiser saber qual dos dois filmes é o melhor. Mas trata-se mais de um caso de verdadeira continuação, de relação autêntica entre dois argumentos, do que de uma continuação caça-níqueis daquelas a que estamos habituados.







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui