...leve como uma pluma ao vento, envolta em alva transparência de muitas pontas, inclina-se para traz, os cabelos longos e soltos quase tocam o chão, os braços suspensos no ar, descem bailando suavemente...
Na penumbra, levanta o corpo e inicia passos largos para traz, curvada levemente para frente, recolhida abraça o ventre, cabeça inclinada, com os cabelos encobrindo-lhe a face e os pés descalços, que um e após o outro riscam o chão com as pontas dos dedos, num retorno ao passado...
De súbito, senta-se e abraça os joelhos com as pernas cruzadas, fica por um instante assim, com a cabeça baixa. Dá-se conta da necessidade de continuar os movimentos e abre os braços a voar, lembrando um pássaro que se deixa deslizar nas correntes de ar. Assim, sentada, sentindo-se flutuar, as pernas dobradas, cruzadas, rosto agora suspenso, olhos fechados...presa à liberdade...
Ergue os braços até ficarem totalmente na vertical, cabeça voltada para cima...uma súplica. Levanta-se devagar, descruzando as pernas e erguendo uma delas para traz até chegar ao equilíbrio...Segundos se passam e desce lentamente a perna abraçando seu próprio corpo.
Abaixa-se, toca o chão com as mãos, ajoelha-se para depois escorregar até estar completamente deita ao solo, de lado...cabeça sobre um dos braços estirado...cabelos espalhados...olhos abertos em lágrimas...
