É lamentável que, no momento em que comemoramos a festa da democracia brasileira, tenhamos que lastimar a intolerância que sobrevive num Estado que se diz tão politizado como o Rio Grande do Sul. Era noite de domingo e o direito constitucional de livre expressão política motivou-me a comemorar a eleição do meu candidato ao Governo do Estado. Passava pela Avenida João Pessoa, às 23 horas, quando, como se não bastasse o apedrejamento moral que sofri durante todo o dia por carregar alguns corações em minha vestimenta, a brigada xiita de militantes resolveu entrar em ação. Em frente ao comitê da deputada Luciana Genro (seria coincidência?), os companheiros da estrela, que comemoravam a eleição de Lula à Presidência do país, cobriram meu automóvel com uma grande bandeira petista. Até aí, tudo normal para uma festa da democracia. No entanto, a veia radical daquela militância ainda estava por aflorar...
Logo em seguida, uma lata de cerveja, com, o peso do líquido que ainda havia ali, estourou em meu párabrisa. As cenas que se seguiram, então, foram capazes de me fazer recordar os vídeos do ataque ao relógio dos 500 anos. Minha mãe, sentada no banco do carona e portando o pavilhão do nosso candidato eleito, teve seu braço acertado por um violento chute e sua bandeira, ao cair, foi pisoteada e quebrada ao meio.
Minha emoção, pairando entre o pânico e a indignação, fez-me parar o automóvel no local e acionar a Brigada Militar. Minutos depois, após diversas ameaças e a solidária ‘escolta’ de alguns colegas do coração que por ali passavam, chegou o efetivo policial.
Lastimo, novamente, que tão eficiente e outrora respeitada corporação, esteja oprimida e sem nenhum poder de ação. Fui informado pelo Sgt. Santo que a única coisa a fazer era retirar o veículo do local. Argumentou, ainda, que ocorrências assim foram vistas o dia inteiro e que eles não tinham como recolher ninguém. Solicitei um desfecho para a situação ao Sd. Seffrin que me disse que eu saísse dali e não mais passasse por aquela avenida, pois ali era o reduto deles. Outra informação do referido policial: não valeria a pena registrar o fato pois perderíamos horas na delegacia e não iria dar em nada. Estranha atitude, não?
Ficam as questões: como não posso passar pela avenida perto da qual resido? Tais cenas foram consideradas normais durante todo o dia pela BM e não mereceriam nem mesmo registro? Será que este destacamento da Brigada Militar para atender registros políticos foi escolhido a dedo?
R. M.”
Obs.: A mensagem acima foi enviada ao site do jornalista Diego Casagrande (www.diegocasagrande.com.br)