Desde 11 de setembro de 2001, uma das frases mais repetidas no mundo foi algo como “O mundo nunca mais será o mesmo”. Redes de televisão, jornais centenários, revistas e mais revistas, livros, crônicas, artigos, filmes, etc., todos anunciando a quebra de paradigmas, da arrogância americana e blá-blá-blá. Quase trocaram os “a.C” e “d.C” por “a.11-9” e “d.11-9”. Cientistas políticos quase diziam a data em que o mundo ia pro beleléu.
Depois de mais de um ano desde que aqueles malucos deram aquelas duas bofetadas de 110 andares na cara dos americanos, não consigo enxergar o que mudou. Talvez a mudança real tenha acontecido alguns meses antes, quando George W. Bush foi suspeitamente eleito para governar o mundo. Os atentados não mudaram nada senão a imagem dos Estados Unidos, que já não era boa, pra pior. A poeira das torres baixou, o que restou dos mortos foi enterrado. Bushinho foi à tevê, franziu a testa, cerrou os punhos e falou frases de efeito. O mundo aplaudiu, ainda chocado e atordoado pelo acontecido.
Hoje o mundo divide-se em dois sentimentos quanto a Bushinho. Metade está de saco cheio dessa história de guerra contra Sadam Hussein, e todos estão com medo de que o caipira dono do mundo abra aquela maleta e aperte aquele botão.
A verdade é que o presidente americano deveria ser eleito pelo mundo inteiro. Ora, se somos governados pelo presidente americano, se só estamos vivos até agora porque ele ainda não sabe onde fica essa tal de América do Sul, se ainda temos emprego ou estamos desempregados por decisão dele, nada mais justo do que poder participar da eleição americana. Se o comércio está globalizado, se as crises estão globalizadas, se o terror está globalizado, então temos que globalizar também o presidente americano.
Nada mudou desde 11 de setembro de 2001, a não ser as capas das revistas e o skyline de Nova Iorque. Aos que esperavam uma mudança dos americanos na forma de ver o resto do mundo, sinto muito. Talvez isso tenha ocorrido devido à ingenuidade simplista que sempre surge em momentos de comoção, de choque. Mas esquecemos que é da natureza dos poderosos dedetizar a casa inteira em vez de tentar entender por que foram picados por uma formiguinha suicida. Se você tivesse aqueles caças Stealth de 1 bilhão de dólares nos hangares, com os prazos de validade das bombas quase vencidos, você ia querer negociar com quem lhe desafiasse?
Então sugiro que paremos com esse negócio de ficar reclamando dos nossos presidentes, que são apenas supervisores de produção dessa empresa chamada Estados Unidos. Por que não falamos logo com o manda-chuva? Só tomemos cuidado com as palavras que usamos, pois se falarmos da Alca com palavras de baixo calão, ele pode nos incinerar num piscar de olhos. Afinal, Bush que é Bush não leva desaforo pra casa. E nada mais prazeroso para um caipira metido a macho do que poder provar quem é que manda nessa porra.