No dia 27 do corrente mês teremos eleição de segundo turno para escolha definitiva do futuro presidente para uma república de futuro. Também para governador, mas gostaria de me ater, tão-somente, a eleição de presidente. Há dois candidatos dando os ares de suas graças. O primeiro deles, o Luiz Inácio Lula da Silva, leva o pavor aos cartolas da Casa Blanca e esperança de melhores dias a milhões de brasileiros; o segundo, o José Serra, alivia as preocupações do imperialismo e dos financistas internacionais e leva muita preocupação ao nosso povo.
O candidato José Serra, não há negar, é o candidato do continuísmo. É o candidato que deu uma grande contribuição à elaboração do modelo econômico atual, bem como, colaborou, na qualidade de ministro que foi, na sua implementação prática, o que resultou em desemprego, privatização a três por quatro, endividamento interno e externo, déficit da balança comercial por vários anos. Foi o plano governamental que mais desempregou trabalhadores em toda história econômica do país. O conhecido Plano Real, centrado na estabilidade dos preços, conseguiu fazer declinar a inflação através da redução da demanda. A queda da demanda por bens de consumo inibe qualquer manifestação de alta de preço. Daí que salários reais declinaram e trabalhadores tiveram que perder seus empregos para que a inflação se mantivesse em um patamar que viabilizasse o plano. E o Sr. José Serra estava lá à frente das discussões e decisões por mais duras que fossem.
Todos esses anos de governo de FHC, marcado que foi por tantas denúncias de irregularidades como o SIVAM, PROER, as vergonhosas práticas de favorecimento a parlamentares em troca de votos para aprovação de matérias, todo esse período de governo contou, repito, com a participação do Sr. José Serra. Não há negar. E nunca se ouviu falar que ele chegou a discordar do governo. Portanto, dizer hoje que vai fazer tudo, ou quase tudo, diferente, é inacreditável. Dizer que vai elevar o PIB em 4 ou 5%, que vai gerar emprego, aumentar o salário real, dar moradia, desenvolver a pequena produção agrícola(hoje falida) não passa de conversa pra boi dormir. Se ele tivesse compromisso com o que promete fazer, certamente, te-lo-ia feito se o tivesse desejado.
E o Luiz Inácio Lula da Silva? Luiz Inácio Lula da Silva é uma pessoa que tem condição moral de falar olhando bem dentro dos olhos de quem o escuta. Lula pode até vir a deixar de fazer alguma coisa contida no seu programa, mas, a gente sente que ele está imbuído de bons propósitos; que não está prometendo nada para ganhar voto, mas, sim, que está determinado a cumprir. Lula cresceu ao lado do povo, viveu ao lado do povo, sempre esteve ao lado do povo. Conhece de perto a mesa de cada tapera, a tristeza do desempregado diante de um prato vazio. Sabe o quanto custa viver em um agreste abandonado pelos poderes públicos; sabe muito mais quanto custa sair contra a própria vontade para os centros industrializados, como se fosse uma planta arrancada, perversamente, pela raiz. Lula, não apenas conhece, pois, conhecer é muito pouco para poder entender; Lula, repito, ele sente nas veias o sentimento de dor, tristeza e desengano do povo.
Por tudo isso eu acredito em mudança. Por tudo isso eu acredito em Lula. Quando ele fala dá para sentir que está falando com seriedade; dá para pressentir o carinho e a afeição que ele nutre pelos mais injustiçados do nosso país. Falar de um governo Lula é falar de coletivismo, participação, honestidade, compromisso, justiça social. Lula é um guerreiro que nunca fugiu à luta por um mundo melhor.