Pelas informações que nos chegam, tudo leva a crer que a África continua a clamar: “O´ Deus, onde estás que não me respondes?” Sim, porque há poucos dias um fato lamentável aconteceu. Seis habitantes de Serra Leoa conseguiram se refugiar no convés de um navio que vinha para o Brasil. Desses, cinco morreram asfixiados, escapando apenas um, talvez, para contar o trágico acontecimento.
Eu, que sempre fui um admirador do vate condoreiro, pelo seu caráter, pela sua formação política, pela grandeza dos seus versos, pela sua renúncia ao seu bem-estar para combater os poderosos e suas injustiças, para uma melhor reflexão sobre o fato ocorrido, lembrei-me de uma estrofe de “O Navio Negreiro”, narrando o sofrimento de uma raça durante a travessia do Oceano Atlântico:
“Ontem, a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormindo atoa
Sob as tendas da amplidão!
Hoje, o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado
E o baque de um corpo ao mar!”
Ligando o conteúdo desses versos com o lamentável fato recente, a conclusão que podemos tirar é a de que as coisas não se tornaram tão menos difíceis daquilo que imaginávamos; que o grito milenar da África clamando justiça a Deus, certamente, não recebeu ainda a merecida resposta. O imperialismo que ainda predomina nos países do primeiro mundo, não retirou as suas garras afiadas cravadas no coração da África. Mas, fugir não é a solução. A solução é lutar pela sua real libertação, expulsar os dominadores e decidir os seus próprios destinos.
O seu povo deve lutar para voltar a ser livre como já foi no passado quando eram
Lutar não apenas é imprescindível, bem como, é o mínimo que um filho pode fazer pelo seu país. Isso, educando o povo, porque sem conscientização, a luta será em vão.