Desta vez, ainda ficamos na saudade se esperávamos uma briga de “cachorro grande” nos embates eleitorais da TV, de candidatos que apenas discutissem programas de governo, não que ligassem o liqüidificador para jogar merda na cara do telespectador. No Distrito Federal, o que se vê é “briga de porco grande”. Tanto a oposição, encabeçada pelo PT, quanto a situação, com o Governador Roriz à testa, estão chafurdados em um lago de lama do tamanho do Paranoá.
Há uma CPI em andamento, para apurar denúncias contra políticos de esquerda, que em 1998 desviaram dinheiro da Asefe para a campanha eleitoral – a tal “bolsa-eleição”. Entre esses denunciados – a denúncia foi feita por um petista, logo em seguida expulso do partido -, a maioria é do PT, como o ex-governador Cristóvam Buarque, acolitado por outros políticos de esquerda, como Agnelo Queiroz.
Há anos, existem denúncias seguidas contra o governador Roriz a respeito da concessão de lotes para famílias de baixa renda, além de denúncias de grilagem de terra pública do DF, onde se localizam muitas mansões, feita pelos irmãos Márcio e Pedro Passos, amigos do governador. Até hoje nada foi devidamente apurado, ninguém foi punido.
Porém, nesta última semana, o amigo-da-onça de Roriz, Márcio Passos, apresentou à imprensa uma fita-de-vídeo-dinamite que explodiu no colo do governador. Na gravação, o deputado distrital Odilon Aires confessa, chateado, ter recebido “apenas” 50 lotes, enquanto o presidente da Câmara Distrital, Gim Argelo, teria recebido 300, para “ajudar” na regularização do condomínio Alto da Boa Vista, em Sobradinho. Na fita, Odilon Aires chama de ladrões todos os distritais. A gravação faz parte de um dossiê preparado por Márcio Passos, acusado de parcelamento ilegal de terras no DF, que afirmou ter consigo 100 fitas de vídeo, que comprometem praticamente todos os deputados distritais governistas – além do próprio governador. No momento, os irmãos Passos estão foragidos, pois há ordem de prisão contra os gatunos.
Rapidamente, os deputados governistas se reuniram para boicotar a abertura de uma CPI para apurar as irregularidades fundiárias na Capital da República. E, de quebra, os governistas ameaçaram abrir uma CPI da Publicidade, para apurar esse tipo de gasto durante o Governo Cristóvam. A oposição, ontem, vestindo camisas pretas com os dizeres em branco “NÃO SOU LADRÃO”, passou a distribuir pizzas no plenário.
Na semana anterior à denúncia de grilagem, Roriz já tinha encaixado uma granada no peito, quando foram encontradas urnas eletrônicas falsas, para treinamento de “voto de cabresto digital”, em cujo HD constava lista de nomes ligados a Roriz, incluindo o deputado federal Paulo Octavio, hoje candidato a senador.
Olhando para um lado e para outro, só se vê sujeira promovida por uma vara de porcos que não se cansa de emporcalhar a Capital da República. Não há um nome, entre os principais candidatos, que escape da lista porcina, excetuando-se, por enquanto, os candidatos a governador Rodrigo Rollemberg, pelo PSB, e o Prof. Carlos Alberto, pelo PPS. Mesmo Geraldo Magela, candidato a governador pelo PT, é acusado de corrupção durante seu mandato de Secretário da Habitação, no Governo Cristóvam Buarque.
Rodrigo e Carlos Alberto, parece, não têm chances de se elegerem. Assim, se as denúncias todas tiverem fundamento, a Capital da República vai escolher democraticamente se quer ser governada por um porco ou por um suíno.
