A perspectiva individual leva, muitas vezes, ao engano total.
É antiguíssimo o ditado que diz: “as aparências enganam”.
Tenho o hábito salutar (faz muito bem a mim, preenche alguns vazios) de visitar, com regularidade, duas vezes por semana um determinado asilo, aqui na cidade onde moro.
Já faz algum tempo, à saída, um interno com o qual tinha contatos mais estreitos, aproximou-se para comentar, de maneira elogiosa (a seu ver) a minha assiduidade nas visitas e a minha dedicação mais intensa a alguns internos mais solitários.
Creio eu, que o que lhe disse deve ter sido assimilado em sua totalidade, pois não voltou nunca mais ao assunto sem, contudo, alterar a forma de tratamento que continuamos a nos dispensar. E isso perdurou até o nosso último contato, antes do dia de sua partida.
Disse-lhe eu, na ocasião, que não se inflamasse e tampouco se iludisse com a minha aparente bondade – continuei – mostrando-lhe que eu ali estava por que fazia bem a mim, em especial, e que o fato de ser bem tratado e bem recebido é que sustentava meu prazer de ali estar.
-O senhor acredita que eu estaria continuando a vir se, porventura, fosse mal recebido ou destratado?
-Tenha certeza de que, muito provavelmente, eu não voltaria.