Geralmente, quando um homem é chamado de Zé Mané e uma mulher de Dona Maria, sai confusão. Ambos se sentem ofendidos como a forma de tratamento, porque entendem os termos como sendo pejorativos.
É pejorativo e afrontoso o eleitor que não vota de cabresto, que não barganha e nem vende voto, ouvir de um botequineiro, que representa uma parcela do povo, dizer sandices a respeito do passa-moleque que o contribuinte levou de seus representantes no Legislativo. Dizer que a burla (a não correção do teto de isenção do I.R.) aplicada sobre o povo foi, apenas, uma certa desatenção, é fazer pouco caso do eleitor. Quem sabe mudemos, algum dia!
Esse desabafo acabou saindo, muito depois de haver lido a notícia sobre esse descalabro legislativo.
O que me trouxe até aqui, foi uma ocorrência (creio que, comum!) havida há pouco na farmácia onde fui comprar um medicamento.
O dito produto custava R$ 1,09, eu dei à funcionária do caixa, R$ 1,10 e fiquei aguardando o troco. Como ela não se manifestasse, agradecesse a compra e me dissesse boa noite, eu resolvi perguntar pelo um centavo que me era devido.
-Eu não tenho um centavo para lhe dar, como troco.
-Seu patrão deveria, no mínimo, fornecer um vale-troco, isso seria menos pior do que sairmos lesados dessas empresas que não providenciam troco.
-É, mas quando o preço é R$ 5,11, por exemplo, nós cobramos R$ 5,10.
-Isso, moça, não é justificativa. O que falta a nós brasileiros é aprendermos a exigir o que é nosso, por direito.
Aí, eu contei a ela que a minha filha Fernanda, ao sair de uma dessas lojas que apregoa todos os seus produtos a R$ 1,99, exige o troco, e não sai da fila até que o providenciem. Em uma dessas oportunidades, a dona da loja, depois de conseguir o troco de um centavo, fez um comentário tolo e acabou ouvindo o seguinte: Se a senhora pretende cobrar dois reais por suas mercadorias, coloque o preço correto, porque, nem todo o brasileiro é idiota.
-É, minha filha, nem todo mas, a maioria é composta de Donas Marias e de Zé Manés.