A propaganda eleitoral em Brasília, pela TV, começou bastante quente, como quente anda o clima aqui nesta época, em que a umidade até já chegou a 10%. Quente, também, como a Micarecandanga, folia candango-axé fora de época que começou esta semana e dura 4 dias.
Há uma série de candidatos novos aparecendo na TV, o que é bom. Porém, o tempo para esses novatos é tão curto, o mais que conseguem é fazer algumas caretas, imitar a fala rápida de um repórter, apenas os lábios se mexendo, parecendo que se trata de filme de animação, tão duro e fixo é o olhar espantado com que encara o telespectador, e, no final, muitos olham para cima, num ponto indeterminado, quase no final da gravação, como a perguntar ao cinegrafista: - Fui bem?
Há tipos e tipos. A Mulher do Chapéu já fez a sua estréia. Quer ser Deputada Distrital. Índio Segurança, também. Tatico, com chapéu de playboy, um Distrital que quer ser Federal, apresenta um filme ambientado num torneio de peão de boiadeiro. Seus recursos permitem o luxo – é dono de 2 supermercados, um na Ceilândia, DF, outro em Águas Lindas, GO.
Luxuoso é o programa do Governador Roriz, do PMDB, candidato à reeleição, como não podia deixar de ser, ainda mais ostentando 51% da preferência do leitorado brasiliense. Seus concorrentes patinam em 16% (Geraldo Magela, do PT), 6% (Rodrigo Rollemberg, do PSB) e 6% (Benedito Domingos, do PPB). Domingos era o vice de Roriz, vivia pacificamente com o Governador, não tinha nada contra ele, hoje cospe no prato em que comeu durante 3 anos e meio, pois dá a entender, em seu primeiro pronunciamento, que Roriz é corrupto. Mas, será o Benedito?
Luxo também não falta à frente encabeçada pelo PT, as imagens são muitas, a edição bem feita. Dinheiro não deve faltar, já que o partido cobra 30% do salário de cada petista com cargo eletivo. Sem lembrar que deve ter sobrado alguma verba de 1998, do caso Asefe, a tal bolsa-eleição...
Luiz Estêvão, ex-Senador, voltou a dar o ar de sua graça, embora não concorra a cargo eletivo, porque foi cassado. Em sua aparição, que começa com um enorme close em parte do rosto, e vai abrindo até mostrar toda a cara, ele afirma que foi absolvido em todos os processos movidos contra ele, acusa de ladrões os que roubaram o painel do Senado e seu cargo de Senador. Coisa boa não virá pela frente, vai ter chumbo grosso contra seus adversários.
Isso me faz refletir: até hoje, nenhum cidadão neste País sabe se Estêvão foi ou não realmente culpado. Se foi culpado, a justiça já o devia ter trancado no xilindró. Se não foi, a inocência dele deveria vir a público, de forma a que não deixasse dúvida alguma. Com essa situação calamitosa em que se encontra a Justiça de nosso País, nessa geleca pastosa de decisões que nada decidem, ou se reforma totalmente o sistema judiciário, ou então que a Justiça seja extinta, por inútil (e para economia de dinheiro).
Nessa primeira apresentação dos candidatos, uma constatação sobressai logo: a grande quantidade de candidatos militares e pastores.
Claro, é importante que as diversas organizações sociais tenham uma representação na Assembléia Distrital. O ideal seria que cada categoria profissional tivesse um representante eleito. O que é totalmente impossível, pois teríamos que multiplicar as cadeiras disponíveis por pelo menos 10. Esses distintos senhores deveriam fazer uma peneirada entre eles mesmos, deixar apenas os mais competentes e que tivessem alguma chance de sucesso. Há um batalhão de PMs, um suboficial da Aeronáutica, um sargento do Exército, um Coronel do Exército (apenas os que anotei por alto), um consistório de pastores e até um padre. Como são tantos, os votos acabam se dispersando entre eles todos e, se bobear, nenhum deles será eleito.
Com tanto pastor e tanto milico candidato à eleição no DF, será que essa turma quer uma militarização e uma talibanização da Capital da República?