Eu não agüento. Meu pai não agüenta mais. Até minha vó, que nada entende de futebol e que nunca assite televisão, não agüenta mais. Quem agüenta? O Galvão Bueno irrita mais do que qualquer juiz concedendo hábeas corpus ao companheiro de profissão Lalau.
Sempre fez parte da vida de todo brasileiro que gosta de esporte sentar na sua poltrona de estimação em jogos de futebol para poder ter alguns momentos de prazer, depois de dias penosos de trabalho. Agora, além disso, nós somos obrigados a agüentar um narrador que narra, comenta, opina, responde perguntas e apita, dentre outras funções, o que torna a transmissão um tanto quanto tediosa. Num passado não muito distante, os telespectadores tinham a opção de outro canal: a Band. A Globo só ganhava porque tinha a melhor imagem. Tempos mudam, impérios se fortalecem, e a transmissão televisiva se transforma em uma batalha pelo monopólio. Hoje a Globo tem os direitos de transmissão de praticamente todos os campeonatos de futebol, que passam nas tevês brasileiras e somos obrigados a conviver com Galvão Bueno se quisermos assistir a algum jogo.
Jargões que irritam, comentários sem pé nem cabeça, excesso de emoção quando o jogo não tem nada de emocionante são algumas das coisas que nos temos que conviver quando assitimos a um jogo de futebol. Galvão que sempre vem acompanhado de uma trupe um tanto pouco profissional quanto ele, não percebe que não agrada. E ainda gosta de uma transmissão interativa com o povo brasileiro, onde podemos dar a nossa opinião, fazer perguntas. Eu nunca tentei mandar uma mensagem pra Globo durante a transmissão, mas aposto que um grande número de brasileiros que pensam como eu já mandaram a seguinte mensagem: cala a boca Galvão. E como funciona a interatividade nesse caso? Será que os editores do programa não passam essas mensagens para ele ou ele se finge de tolo e continua nos importunando.
Nós últimos tempos, foram inventadas muitas opções para fugir de Galvão. Jogos são transmitidos pela internet, tevês a cabo estão transmitindo também os jogos, mas pra você leitor fiel e atento que concorda comigo eu te dou uma dica. Você lembra daquele baú onde você guarda suas velharias. Procura. Tenho certeza que você vai encontrar um daqueles radinhos de pilha bem antigos. Providencie o funcionamento do mesmo e espere começar o jogo. Quando o jogo começar, cruze os dedos, vista sua cueca da sorte e grite bem alto: CALA A BOCA GALVÃO. Depois bem disfarçadamente, abaixe o volume da televisão e ligue seu radinho. Tenho certeza que você nunca se sentirá tão bem em toda a sua vida.
