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Artigos-->Safra ruim, política avinagrada -- 21/08/2002 - 11:11 (rodrigo guedes coelho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Como a maioria dos candidatos vociferam contra o mercado, o liberalismo, a besta imunda do FMI e o satânico imperialismo yankee. Estamos marchando para os cafundós do Terceiro Mundo. A política avinagrou e resta-nos buscar tomar o "vinho" menos azedo.



Maria Lucia Victor Barbosa



Nesta campanha a emoção que tem feito bater mais forte o coração do eleitor, pelo menos do mais esclarecido, é o temor. Isto porque, especialmente por conta dos presidenciáveis, o futuro não parece esboçar-se de forma radiante. De modo geral o eleitorado mais clarividente prevê cenários sombrios, enquanto a maioria vai cuidando da vida e espreitando a politicagem em andamento com a indiferença que vem se acentuando a cada eleição.



Pode ser que a emoção própria do jogo venha à tona no segundo turno, quando emergir das profundezas do inconsciente coletivo aquela voz a murmurar de forma fascinante: senhores, façam suas apostas. Por enquanto subsiste a desconfiança generalizada e uma difusa melancolia política.



Os candidatos, naturalmente, fazem o que podem para agarrar votos. Tentando ser as antenas da nação, muitas vezes protagonizam cenas da mais escancarada demagogia, de incontinência verbal, de chiliques próprios da egolatria, não faltando o combate de palavras onde as acusações recíprocas são feitas no lugar do que eles, ao que parece, gostariam de fato de se dedicar: a boa luta corporal com socos, tapas e, porque não, raivosas mordidas, como fez Mike Tyson com um dos seus adversários, arrancando-lhe um pedaço da orelha.



No momento as pesquisas indicam a polarização entre Ciro Gomes e Luís Inácio Lula da Silva, enquanto Serra e Garotinho apostam no Programa Eleitoral Gratuito como meio de não perderem em último lugar.



Lula, ainda à frente nas intenções de votos, segue "domesticado". Não exatamente pelo mercado, como alfinetou Ciro Gomes, mas pelo modelito do bom-moço, confeccionado caprichosamente pelo marketing. Entretanto, enquanto observo a estrela petista, vem-me à cabeça uma prece semelhante a pronunciada por Jesus Cristo: Pai, perdoai-lhe porque ele não sabe o que fala.



Com alegria triunfante, Lula agora capricha na linguagem futebolística, numa tentativa de se aproximar das massas. Em Foz do Iguaçu, tentando responder ao adversário Ciro Gomes, acusado através daquela velha tática do PT, de desequilibrado emocionalmente, disse o tetra candidato: "Não vou dar chutão. Se o jogador de futebol tivesse equilíbrio emocional e psicológico, marcaria a maioria dos gols que se apresentam na frente dele".



Recorde-se que Lula referiu-se a um dos seus ídolos, o governante da Venezuela, Hugo Chavéz (o outro é o ditador de Cuba, Fidel Castro) como "matador centro-avante". Aliás, parece-me que estamos diante de um candidato híbrido que reúne cultura futebolesca, vocação totalitária do tipo petismo-castrismo e demagogia de falastrão a lá Hugo Chavéz. O resultado final converge para a síntese do "bom caudilho" latino-americano, que venera o Pai Estado acima de tudo e se oferece no altar da Nação para o culto do seu poder personalizado.



Como a maioria dos candidatos vociferam contra o mercado, o liberalismo, a besta imunda do FMI e o satânico imperialismo yankee, parece que não temos escapatória: estamos marchando para os cafundós do Terceiro Mundo. Na verdade, a política avinagrou e resta-nos buscar tomar o "vinho" menos azedo. Diante deste cenário nada reconfortante, relembro as palavras do líder norte-americano J.D. B. Debow, ditas em 1850, sonhando que um dia possamos aplicá-las ao caso brasileiro:



"O trabalho de nossa gente não necessita de guias que lhe mostrem a melhor maneira de aplicá-lo em qualquer circunstância possível – e, muito menos, de guias feitos da estirpe de nossos políticos. Conforme a educação for-se difundindo nas massas, elas perceberão e admitirão isso, e único brado ouvido em toda parte será, ‘deixem-nos em paz".





Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga, professora universitária e escritora E-mail: mlucia@sercomtel.com.br



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