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Artigos-->Brasil_,Os_últimos_rounds_(Laerte_Braga) -- 19/08/2002 - 22:16 (rodrigo guedes coelho) |
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Laerte Braga
La Insignia. Brasil, agosto del 2002.
O primeiro dos últimos rounds da eleição presidencial no Brasil começa com o
encontro de FHC e os quatro principais candidatos: Lula, Ciro Gomes, José
Serra e o enviado de Deus, Anthony Garotinho. Serra deixou escapar seu
descontentamento com o convite feito pelo "presidente" aos seus adversários.
Acha que FHC está apenas tentando fechar a cortina em grande estilo, com
pose de estadista. Nada a ver com sua eleição.
O que vai resultar desse round não é tão difícil prever. Só um fato
dramático de última hora, algo assim como chuva de canivetes, pode mudar o
que dos encontros se espera.
Lula vai levar propostas concretas, pelo menos é o que tem dito, para que o
"governo" não complique mais a tarefa do futuro presidente e na prática,
tenha início a transição. Chega escorado num novo crescimento nas pesquisas,
mais especificamente, na pesquisa do "Data Folha". O candidato cresceu 4
pontos percentuais, acima da margem de erro, que é de 2% e abriu 10 pontos
sobre o segundo colocado, Ciro Gomes.
A grande preocupação de Lula é com a exploração política do encontro pelo
"presidente". O temor que FHC tente golpes baixos e com eles alguma manobra
para tirar seu candidato, José Serra, do terceiro lugar. Ao que tudo indica
nem FHC acredita mais em Serra. Para neutralizar e antecipar-se às declaraçõ
es do "estadista" do Planalto, Lula fala logo após o encontro.
A expectativa maior, no entanto, é em torno da conversa de Fernando Henrique
com Ciro Gomes. Os dois não se falam desde a posse de FHC, isso no primeiro
mandato. Ciro foi escolhido para o Ministério da Fazenda, no final do
governo Itamar, com o propósito de segurar as pontas do Plano Real e
garantir a eleição do laranja de Washington. Eram do mesmo partido e isso há
6 meses das eleições, em 1994. Contava continuar ministro. Como não
continuou...
... Trocou de partido, virou desafeto e adversário de FHC e tem dito cobras
e lagartos do "presidente". São iguais.
Tudo indica que o candidato do PPS (Partido Popular Socialista) do
hermafrodita Roberto Freire e, apoiado pelo PFL (Partido da Frente Liberal),
de ACM, com o PDT (Partido Democrático Trabalhista) de Leonel Brizola, vai
ao encontro preocupado apenas em não sofrer arranhões nos seus índices, pois
nem caiu e nem subiu, variou um ponto percentual, dentro da margem de erro,
na pesquisa do "Data Folha". Na do "Vox Populi" subiu e está tecnicamente
empatado com Lula.
Garotinho é um prodígio na arte de fazer lambança. De público é contra o
acordo com o FMI, tema do encontro com FHC. O documento que vai levar ao
dito, no entanto, é suave e faz apenas algumas propostas com viés
nacionalista, populista. Como tem lutado com dificuldades financeiras para a
sua campanha e em alguns dias sequer agenda tem, anda pedindo dinheiro
desesperadamente para todos os lados e conta, lógico, com a ajuda do
governo. Ou pelo menos contava, pois a ameaça de apoiar Lula no segundo
turno é muito mais do que resta de decente no PSB (Partido Socialista
Brasileiro) que dele propriamente.
José Serra vai dizer que apoia o acordo com o Fundo. Que o presidente salvou
o Brasil. Que no seu governo vai ser assim, assado. Que é o mais preparado.
Que conhece os problemas brasileiros melhor que ninguém e provavelmente
explicar detalhada e minuciosamente, em tertúlias econômicas, cada ítem do
acordo. É um chato e começa a ficar carimbado assim nos meios de
comunicações.
Caiu mais nas pesquisas. E antes de sonhar com alcançar Ciro Gomes, tem que
evitar que Garotinho o ultrapasse. Vai ser o fim da picada.
Terminado esse round começa o da propaganda gratuita. Os partidos dispõem de
horários próprios em redes de televisão para apresentar seus candidatos e
programas. Todos contam subir com o horário eleitoral. No caso de Serra,
aposta tudo nesse round.
O diabo é que todos eles têm marqueteiros que trabalham dentro de idéias que
pouco variam, os programas acabam saindo mais ou menos iguais, cada qual
salvando o Brasil mais depressa e termina com nada mudando, nada variando.
Vai depender muito mais dos chamados fatos novos. Esses parecem difíceis. E
quanto acontecem, arrebentam com o candidato do FMI, quer dizer, do
"governo".
Um exemplo: na sexta-feira um grupo de espertalhões, especuladores, jogou o
boato, na BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo) que uma pesquisa mostrava
ascensão de Serra e queda de Ciro. A diferença teria sido reduzida para 6
pontos. O dólar baixou, o índice da bolsa subiu, os espertalhões ganharam
dinheiro rápido e fácil e as pesquisas mostraram o contrário.
Sexta-feira, véspera de sábado, que por sua vez é véspera de domingo...
Serra chegou a esse ponto no fundo do poço.
Os debates previstos entre os candidatos, a julgar pelo primeiro, não mudam
nada. Todos vão continuar falando a mesma coisa e a não ser o tom da disputa
Ciro/Serra, nada de novo deve acontecer, pelo menos no primeiro turno. Para
o segundo, há quem acredite que Lula vá ser alvejado com a história montada
pela Polícia Tucana, dita Federal, sobre corrupção na Prefeitura de Santo
André.
O único risco real que existe de alguma coisa mudar no processo sucessório
brasileiro é a "Globo" montar esquemas como fez em 1989 para eleger Collor.
Como tentou em 1982 para derrotar Brizola no Rio. Como fez em 1994 e em 1998
para assegurar FHC. Como faz todos os dias tentando mostrar aos brasileiros
que vivemos num país maravilha e que temos responsabilidades com o futuro. O
deles evidente.
A luta entre os candidatos deve terminar com vitória por pontos, o nocaute
nesta altura é muito difícil, a não ser o de Serra. Vai precisar de muita
amônia para acordar e tentar chegar aos rounds decisivos em condições de
aspirar o último, ou seja, o segundo turno.
Isso lembra-me um história antiga de um lutador chamado Tyrol Bigs. Tomou
uma coça daquelas terríveis de Mike Tyson. Entre um round e outro, até o
nocaute, o "corner" usava um cotonete para limpar o sangue escorrendo dos
olhos, do supercílio. No terceiro, Bigs não agüentou e pediu que trocassem o
cotonete. Não mudou nada na luta, mas pelo menos o cotonete era outro. O que
resta a Serra pedir é que troquem o cotonete. Só levanta com golpe baixo.
http://www.lainsignia.org/2002/agosto/ibe_085.htm
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