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Artigos-->O acordo com o FMI e as eleições -- 19/08/2002 - 09:43 (rodrigo guedes coelho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"O poder serve para que os governantes se utilizem dele enquanto dele dispõem..." Nosso governo parece seguir o conselho da velha raposa da política mineira ao jogar no colo da oposição uma mandioca quente: ou apóia o acordo ou será responsabilizada pelo caos... Percebendo a casca de banana, a oposição viável (que me perdoe o Anthony the Kid) representada por Lula e Ciro manteve posturas cautelosas e moderadas, permitindo ao governo uma espécie de álibi do quem cala consente. Mesmo a contragosto (especialmente dos marqueteiros), Lula ainda carrega o estigma da oposição com ruptura, o que até agora Ciro conseguiu evitar com suas declarações um tanto esquizofrênicas de um rebelde a favor. É preciso lembrar que o atual governo acaba, mas não o faz na lona do descrédito como ocorreu com Sarney. Só que o prestígio que FHC ainda conserva não se transferiu para o seu candidato. Se o horário eleitoral televisivo não for bem aproveitado, é possível que aconteça o contrário: a mala acabará arrastando a alça para o fundo do poço...



Mas voltemos ao FMI. Quando todos esperavam que a montanha parisse um rato, os número jorraram generosamente. Tudo para limpar a barra do secretario O Neill e suas construtivas declarações? Pouco provável. O auxiliar de Bush (dizei-me com quem andas...) mudou de opinião tão rapidamente porque alguém lhe soprou nos ouvidos simultaneamente duas coisas importantes: a) interesses de empresas americanas poderiam ser gravemente afetados se o Brasil partisse para uma moratória, reverberando nos próprios Estados Unidos; b) com a aprovação do "fast track", as condições para a criação da Alca melhoraram no front interno americano, e não seria interessante que azedassem no externo - transformando a Alca numa Alcaeda - se os americanos radicalizassem suas posições e humilhassem os países em frangalhos do Mercosul. Este talvez tenha sido o cálculo de custo X benefício do governo do sr. Moita: ceder agora para cobrar a conta logo em seguida, qualquer que seja o novo presidente, uma vez que o dinheiro será liberado aos poucos.



Mas, apesar do anúncio do acordo, o mercado continua inquieto. Mesmo com um considerável superávit primário, obtido à custa de suor e sangue, e de um superávit comercial crescente, em suma, com os "fundamentos" ajustados, a política econômica ainda não se tornou convincente. O que está acontecendo?



Em 1998 obtivemos um empréstimo de emergência do FMI de mais de 40 bilhões, mas não foi possível conter o ataque especulativo e manter o sistema de taxas semifixas. Além disso, não tínhamos superávit comercial; ao contrário, amargávamos um polpudo déficit. Mas agora estes problemas não existem: a taxa de câmbio é flutuante (com um enorme viés para cima...) e o superávit comercial apresenta resultados promissores. Então, qual é o problema? O problema é que, se o quadro eleitoral atual se mantiver, o segundo turno deverá ser disputado entre dois candidatos de oposição. Candidatos que não participaram do governo que levou o endividamento (externo e interno) para níveis críticos. E os credores não estão certos se os futuros governantes honrarão os compromissos assumidos pelo governo que termina. É por isso que este último tenta de forma desesperada atrelar os candidatos de oposição a um processo de compromisso com as metas impostas pelos credores (superávit fiscal, Lei de Responsabilidade Fiscal, metas inflacionárias, etc.) e com o apoio tácito ao acordo que está sendo celebrado. Para o atual presidente seriam mortos três coelhos com uma cajadada. O resto de seu mandato seria menos intranqüilo do ponto de vista econômico-financeiro e sua imagem seria preservada; seu candidato teria maiores chances de se recuperar no horário eleitoral e, o mais importante, o candidato vencedor de oposição estaria dentro de uma camisa-de-força e não poderia cumprir nem uma parcela de suas promessas de campanha. O desgaste seria rápido e profundo. Estaria aberto o caminho para a volta triunfal daquele que nos teria tornado felizes, mas nós não teríamos percebido a tempo...



Paulo Sandroni









Paulo Sandroni é economista e professor da PUC e da FGV de São Paulo e-mail: psandroni@fgvsp.br

















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