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Artigos-->Partidos políticos no Brasil contemporâneo -- 14/08/2002 - 20:26 (rodrigo guedes coelho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
0s estudos sobre os partidos políticos brasileiros compartem, de forma geral, a idéia de que são instituições frágeis, heterogêneas e de pouca participação popular. Desde a primeira formação política de nossa história não tivemos partidos de massa e a quase totalidade das organizações partidárias não traduzem experimentos de interesses articulados, com forte enraizamento social.



Segundo dados do IBGE, coletados em seis importantes regiões metropolitanas em 1996, somando 22,5 milhões de entrevistados, não mais de 3% da população de 18 ou mais de idade era filiada a partidos políticos. Além disso, 62% dos entrevistados não consideram seus interesses representados por nenhuma instituição. Mesmo com a volta da democracia e do multipartidarismo, os partidos políticos não conseguiram seduzir as massas para incrementar suas listas de filiação.



Uma enxurrada de legendas tende a confundir cada vez mais o eleitor e diminuir sua tão precária confiança no sistema político. Apesar de existir uma conjuntura de maior envolvimento político – proporcionado principalmente pelo voto do analfabeto e facultativo aos maiores de 16 anos – há uma queda global do interesse pela política partidária. Entre 1982 e 1996, os brasileiros tiveram de escolher candidatos de 76 partidos diferentes.



No início dos anos 80, os intelectuais progressistas manifestavam a esperança de que se implantaria nos países da América Latina uma democracia sólida e autêntica. Já no início dos anos 90, o quadro se alterou. Esses intelectuais constatam que os regimes políticos democráticos da América Latina, sejam eles novos ou renovados, ainda não apresentam essas características e podem em última instância ser qualificados como democracias populistas. Podemos considerar que, em termos de política partidária, houve uma clara regressão no que tange aos ideais da Nova República. O que viria a ser uma nova referência na maneira de se fazer política em nosso país transformou-se em uma enxurrada de novas legendas e um confuso quadro partidário. A Nova República, expressão máxima da maturidade política recém conquistada, iria por fim descambar em um neopopulismo representado nas eleições de 1989 pela figura do ex-presidente Collor de Melo.



Os partidos políticos mudaram seu foco de atuação da sociedade civil para a participação efetiva junto ao Estado. Vão se configurando as mais variadas e não raramente absurdas coligações partidárias em busca do poder. Antes de tudo, o cenário político brasileiro dos anos 1990 revela uma baixa institucionalização e um quadro jurídico problemático com relação sobretudo às regras de organização partidária.



Em Granja, município cearense, a coligação que obteve o segundo lugar nas eleições para a prefeitura de 1996 era composta de um partido de direita de (PFL), um de centro (PMDB) e dois partidos de esquerda (PDT e PC do B). Em Ipueiras, também no Ceará, o PT participou, junto com o PC do B de uma coalizão com dois partidos reconhecidamente de direita, o PPB de Paulo Maluf e o PFL de Antônio Carlos Magalhães. Dados do TRE. O festival das siglas e a incoerência ideológica das mesmas em detrimento de interesses particulares são, entre outras, características de nossos partidos políticos.



Essa situação fica ainda mais irritante se aliada à tradição, que nos foi imposta, do voto obrigatório. Um sistema político sério e eficiente não precisa obrigar seus cidadãos a votar, eles o fazem espontaneamente à medida em que depositam sua fé nas instituições e realmente se interessam pelas causas coletivas. Novas regras que imponham fidelidade partidária devem ser, junto à extinção do voto obrigatório e à implementação do voto distrital, seriamente avaliadas para uma autêntica e necessária reforma de nosso sistema político.



Leonardo de Araújo e Mota

Sociólogo - Universidade Estadual do Ceará - UECE



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