Perduram os boatos de que José Serra vai renunciar à sua candidatura presidencial. Os boatos acabam se refletindo no tal mercado e se transformam, graças às oscilações econômicas, em notícia. É uma evidente asneira. Por que, afinal, ele teria interesse em abandonar a disputa?
Não há, neste momento, nenhum candidato carismático do PSDB, capaz de substituí-lo. Se permitissem, o que é impossível, mais uma eleição de FHC, até, quem sabe, haveria munição para os boatos.
É melhor perder de cabeça erguida e se habilitar para futuros pleitos do que sair pela humilhante porta dos fundos. Mesmo derrotado, ele poderia ter alguma influência no segundo turno.
A situação está cada vez mais difícil para Serra, mas está longe do fim. O bombardeio, a ser alimentando também pelo PT, contra Ciro Gomes apenas começou e tem uma chance razoável de surtir efeito.
Ninguém tem tanto tempo na TV como o candidato oficial, que tem a seu lado marqueteiros experimentados, gente acostumada a ganhar e virar eleições. O candidato tem um currículo a mostrar e margem para tentar recuperar para seu lado eleitores que gostam da gestão FHC, mas estão com Lula e Ciro.
Diante dessas obviedades, Serra só renunciaria se fosse um idiota -a falta de inteligência, como se sabe, não está entre seus defeitos.
Gilberto Dimenstein
É colunista e membro do Conselho Editorial da Folha