Lula conhece de perto o sofrimento de um desempregado; o desespero do pai de família que perdeu o emprego; a tristeza de quem assim retorna para casa. Por isso tem um projeto ousado de combater esse fantasma: a criação de 10 milhões de postos de trabalho durante quatro anos. Isso mesmo. A meta é essa: empregar 10 milhões de trabalhadores no citado período. E ele não apenas apresentou a sua meta. Mais do que isso: ele explicitou as formas de atingi-la, que seriam através do crescimento do PIB até atingir os 5%, a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais(como vem sendo feita em vários países), redução das horas extras, investimentos nos setores que mais gerem emprego, a exemplo da habitação, no aumento de salários reais na órdem de 20% a.a., e, sobretudo, com a implantação da reforma agrária, onde milhões de trabalhadores rurais serão assentados.
Os seus concorrentes que nunca sentiram na pele esse problema, se mostraram indignados. Consideraram a proposta ilusória, irreal, impraticável, mesmo em se tratando de quatro anos. Certamente, desconhecem que, anualmente, ingressam no mercado de trabalho cerca de 1,4 milhões de jovens, o que somariam 5,6 milhões em quatro anos. Portanto, se se pretende combater o desemprego, a meta não poderia deixar de ser outra. A não ser que se queira apenas manter o desemprego no patamar atual.
Um desses críticos, o Ciro Gomes, no seu programa "O NOVO RUMO DO DESENVOLVIMENTO" fala sobre reforma agrária e não apresenta dados. Aliás, comete um grande equívoco quando diz "reforma agrária que assegure aos assentados condições efetivas para produzir e prosperar." Produzir e prosperar estão relacionados com a reforma agrícola que trata de dar as condições necessárias à produção. A reforma agrária é mais inerente à questão social, à distribuição da terra. Outro equívoco do seu programa é quando fala sobre prosperar. Prosperar plantando milho, feijão, mandioca, batata-doce, entre outros bens da pequena produção, isso, sim, é ilusão. É desconhecimento total da realidade agrícola. O processo da troca desigual que ditou as regras ao longo das décadas, levou a agrícultura a uma pauperização sem volta. Algo tem que ser feito, é claro; até porque o campo, para o pobre, ainda é um paraíso se comparado às periferias urbanas. A reforma agrária do presidenciável Ciro Gomes é vazia. Também, cercado por tantos caciques do latifúndio, não poderia ser diferente. Sobre o Serra, não ousarei falar; não perderei tempo. Até porque ele se encontra embaixo do papel carbono de FHC I e II. Seria o FHC III.