Há os vermes da política. São fáceis de ser identificados. Através do que falam, do que fazem, do que escrevem, por onde passam sempre deixam a mancha delituosa do que fizeram. Na política, são uns "pobres-diabos"; uns coitados que vivem rastejando aos pés da burguesia, agradando-lhe com a sua subserviência. Por vezes são como cães de guarda, pois, se alguém ataca o seu dono, ele cai em cima, indiferente à corrente que o prende ou à comida que esqueceram de colocar no seu coxo.
Mas, o pior deles é o verme que escreve. Não é tão perigoso assim, porque a sua subserviência é tão grande que ele se identifica a qualquer reação, dando a conhecer o tipo do verme que é. Algumas vezes eles procuram posar de herói, como se para defender os prepotentes, os poderosos,as elites que dominam a economia e a política, existisse algum heroísmo. São, repito, uns"pobres-diabos", uns coitados; infelizes de quem deles descendem.
Grandeza humana, sim, existe em quem faz da poesia, como diria Castro Alves, "o arauto da liberdade; o brado ardente contra os usurpadores dos direitos dos povos." Grandeza humana existe naqueles que usaram a sua capacidade intelectual para denunciar a extorção, a exploração, o imperialismo econômico, os privilégios de uns poucos e o massacre de muitos. Não se pode questionar a subserviência em quem defende as maiorias massacradas pelo poder; a exemplo de um Castro Alves, Bertholt Brecht, Maiakovski, Gorki, Neruda, Saramago e tantos outros grandes intelectuais que colocaram os seus conhecimentos a serviço do povo. Aí, sim, existe idealismo, heroísmo, coragem, bravura, porque muitos tiveram que abandonar o conforto do lar, sofrer atos de tortura e perigos de morte.
Volto a dizer, aí, sim, são verdadeiros heróis, e não esses vermes; até porque, dos que vivem do escárnio da subserviência, só sofrem os seus descendentes a vergonha de ter nascido.