SÃO PAULO - O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, buscou, nesta terça-feira, o apoio de representantes da classe artística que, tradicionalmente, sempre foram simpáticos ao PSDB.
Sob a organização da namorada Patrícia Pillar, Ciro reuniu-se com cerca de 400 pessoas em um hotel de São Paulo, incluindo atores, cineastas e promotores culturais, entre outros.
O encontro ficou longe de unir uma constelação. Poucos artistas de peso compareceram ao local. Foram distribuídos 1,2 mil convites. Entre o um terço que marcou presença, sobressaíam-se o ator Marco Nanini, o cantor Jair Rodrigues e o comediante Tom Cavalcanti.
Nanini votou no presidente Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998. Neste ano, o voto não vai para o tucano José Serra. Vai para Ciro. "Fui assistir a uma reunião como esta (em abril, no Rio) e gostei", justifica. Gostou tanto que fez a apresentação de Ciro aos presentes, antes de o candidato subir no palco.
A fotógrafa Vânia Toledo também desertou o time tucano. Eleitora convicta de FHC, ela, agora, ficou "muito impressionada" com Ciro e deixou de lado a "tendência de votar no Serra". Vânia, além disso, é a responsável pelas fotos de Ciro na campanha presidencial.
A produtora cultural Ruth Escobar, também conhecida pela simpatia aos tucanos, está quase mudando de lado. Amiga de FHC, ela classificou a atual política cultura federal como uma "fraude". Para ela, o presidente é "omisso" em relação ao tema. Também há um outro motivo: "Gosto muito da Patrícia Pillar". De qualquer forma, a produtora ainda não bateu o martelo sobre seu voto.
"Liquidez internacional"
Com Patrícia Pillar na quarta fileira do auditório do hotel Maksoud Plaza, Ciro fez um discurso de cerca de uma hora. A uma platéia interessada em ouvir propostas para o setor cultura, ele passou cerca de 50 minutos falando de economia.
Procurando ser didático - não necessariamente com sucesso - , ele abordou o "neoliberalismo", a "globalização", a "liquidez internacional" e a "taxa de juros flutuantes". Houve também o "Consenso de Washington", o "poder real no Brasil" e o "desfinanciamento do financiamento".
Os primeiros aplausos só vieram nos últimos dez minutos, quando falou da política cinematográfica no País, deixando a economia de lado. Mesmo assim, Ciro encaixou uma "perversão neoliberal" nesse trecho.
Priorizando a austeridade, a organização do evento não colocou à disposição dos convidados nem mesmo água. Para matar a sede, os artistas tiveram que desembolsar R$ 3 por um copo de água ou um refrigerante e R$ 1,50 por um café.
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