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Artigos-->AQUI... NO BAR DA USINA. DE LETRAS... -- 26/09/2005 - 20:13 (António Torre da Guia) |
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AQUI...NO BAR DA USINA DE LETRAS...

Aqui...
Frontal e límpida, livre deveras,
Em face de mim, faltas-me tu,
Insubstituível, toda "mais-ninguém",
Em síntese plena, preparada
Para julgares com a luz dos olhos
O preconceito do mundo à flor do meu rosto,
Entre os vincos que o sol tem deposto
Ao longo dos dias e das noites...
Aqui...
Onde as palavras vacilantes e gastas
Para coisa alguma serviriam...
Eu e tu, nus e crus, normalmente vestidos
Aquém das plausíveis negaças
Com que os humanos atraiem os pássaros...
Aqui...
Debateríamos o sisma da Cocacola,
Prova-la-ìamos pela derradeira vez
Para nunca mais envenarmos a saliva,
O suor que nos revigora os poros,
As lágrimas, o sangue aflito que nos sustenta
À superfície da lodosa hipocrisia
Onde banhamos gestos e sorrisos
Com o corpo inteiro freado na garganta...
Aqui...
Assim que a motivação se escoasse,
Sem nesga de sítio por alvitre,
Poderíamos então proclamar
A autêntica tertúlia dos poetas
E inaugurar o bar da Usina de Letras...
Aqui...
À despedida e no lugar da tua sombra
Talvez deixasse dois simples versos
No verso da conta, para o empregado ler:
"Que diacho estiveram aqui a fazer,
Tão enleados, um homem e uma mulher?...
E o pensamento continuaria então a rodar
No mesmo inexorável sentido,
Propositamente por mim impelido
Para dentro do global cérebro mesquinho...
António Torre da Guia
Som = Juliette Greco em "Deshabillez-moi" |
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