Usina de Letras

Quando entrei para o curso de filosofia quase desisti por várias razões. Uma delas foi o fato de eu já na altura ser agnóstica e ter sido submetida a uma lavagem ao cérebro subliminar, a favor de Deus.
Foi desconcertante. Nunca tinha imaginado
que houvesse tanta gente crente. Eu tinha, graças a meu pai, andado a vida toda a ler literatura atéia... Enfim, foi um choque. Depois percebi que aquilo era só no Brasil.

Li um dia desses uma crónica do Miguel Sousa Tavares, em que dizia, grosso modo, que caso
deus existisse, a fé deve basear-se mais no interior da pessoa, e não em macacadas e cenas de histeria coletiva.
Eu digo mesmo mais! Se deus existisse, seria a encarnação da paz, da tranquilidade... Como é que um deus perfeito se dignaria a descer ou sequer a olhar para uma multidão tresloucada amontoando-se numa praça e berrando em desvario?
Deus se existisse sentiria desprezo por tais manifestações, por tal "supermercado da fé", teatro da pobreza de espírito.
Por essas e outras razões é que eu digo que se o paraíso existisse, de certeza absoluta que o habitariam mais ateus do que cristãos!

Espero acabar com a tranquilidade dessa usina com as verdades que ninguém que ver.

Lina Russell

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