Número do Registro de Direito Autoral:131197871586119600
SELVAGENS SOMOS NÓS!
Silva Filho
É dever da humanidade
(sejam negros ou branquelos]
Meditar sobre a história
Revivendo os nossos elos;
Pouco se tem na memória
Pois deixamos toda a glória
Para os nobres – nos Castelos.
É dever da humanidade
Trabalhar a consciência
Depois de tanta maldade
Num passado sem clemência;
Consciência que vem tarde
Na seqüência dos alardes
Que marcaram prepotência.
Do Brasil quando Colônia
Foram os índios escora
Exploração sem-vergonha
Como o negro ainda chora;
Explorando com peçonha
Sem pudor, sem cerimônia
(“animais”, puxando toras).
Quem deu vida ao Planeta
Bem moldou a Natureza
E os guardiões, de verdade
São os índios, com certeza!
Sem qualquer deslealdade
Sabem guardar a herdade
Sem rancor, sem ardileza.
Rios, lagos, flora e fauna
Em perfeita harmonia
Nesse ambiente se abraçam
Índios, bichos – noite e dia;
São instintos que se enlaçam
Onde todos viços grassam
Qual um passe de magia.
Mas nem tudo é quietude
Se o ‘branco’ está por perto
Índios estão condenados
A um inferno aberto;
Males que são transportados
Por intrusos, desastrados
Matam aos poucos, decerto.
Dos índios tomam a terra
E em troca dão Faculdade
Tomam flechas e tacapes
Pra que morem na cidade;
Querem índios com dinheiro
Celular, carro e puteiro
Em verdadeira maldade.
O índio já tem de tudo
Que chamamos de mazelas
Com todas as sacanagens
Exibidas em novelas;
Já não há mais inocência
E a natural decência
Sumiu com as caravelas.
Caras-Pálidas andam nus
Sem o manto da decência
E em relação aos índios
Nunca mostram consciência;
Pra cobrir sua vilania
Sempre há hipocrisia
De quem se diz Excelência.
Índio quer paz, quer sossego
Quer o seu LAR preservar
Quer também ter o direito
De com o ‘branco’ não morar;
Quer ser ‘selvagem’ perfeito
Selvagem no bom conceito
Pra dançar, caçar e pescar.