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Contos-->Cavalo de Aço -- 02/02/2004 - 15:35 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um dia após o ano novo, num domingo ensolarado de janeiro, lá pelas Quatro e meia da tarde saia da última casa da vila, todo arrumadinho e estreando a sua percata “Cavalo de Aço”, Betoquinha, que se dirigia pelo beco até se assentar lá na frente, conforme sua mãe determinava. E assim, aparentemente quieto observava aquela tarde, olhando de imediato para os letreiros escritos “Guará-Suco” em néon, no alto do Manoel Pinto da Silva, a imaginar o que iria fazer.
Ao redor os meninos pulavam a valeta brincando de “Bandeirinha”, outros de “pira-cola”, e as meninas se dividiam em “macaca” e brincadeiras de roda.
No outro canto os mais idosos, em frente à taberna do seu Bené concentravam-se no jogo de damas, outros meninos, os mais afortunados, isso um ou dois, passeavam de bicicleta solitários no meio da Bernaldo Couto, ainda por asfaltar.
Enquanto isso, Betoca ainda escolhia o que fazer, quando sua mãe apareceu e lhe convidou a ir numa ladainha na casa de D. Raimunda, lá ao pegado da casa do Sr. Jacinto, no “Igarapé das Armas”, mas ele, podendo escolher, preferiu não ir.E sua mãe de imediato o alertou para tomar cuidado com as brincadeiras, para não se sujar, para não se machucar e outras recomendações que as mães adoram fazer, até por que D. Graça já conhecia o seu anjinho.
Logo que ela se despediu de seu filho, o carrinho de sorvete Gelar passou convidando, principalmente as crianças a provarem aquele sorvete saboroso, em seguida o sr. Cascalho, depois o amendoim torrado e lá pelas cinco e vinte chegam do nada Ginoca, Vum, Paulinho “Diabo” e Mococa.Convidando Betoca para furtarem umas frutas da casa da professora Galante.
Betoca ainda permissivo foi ao seu avô que jogava damas e pediu pra ir com os meninos, isso sem dizer bem a onde.
Permissão concedida, e eles se foram. Seguiram a Bernaldo Couto na direção da Santa Luzia, entraram na vila e subiram o morrinho, de lá seguiram por sobre o muro até o quintal da professora. Lá chegando retiraram todas as frutas que podiam, e quando já vinha embora, a lua começava a sua odisséia, era seis horas.
Paulinho, mais que depressa começou a sua arte.Subiu no muro de D.Vilma e lá de cima gritou: - Gente está cheio de frutas aqui!
Sem contar conversa todos subiram no muro, Moisés sondou o local viu que o cachorro estava lá para frente, e já era sabedouro, que D.Vilma normalmente aos domingos ia rezar. Então os meninos se agarraram na goiabeira, desceram no quintal e se entreteram com tantas frutas maduras...era ameixa, era goiaba, abacate, caramba, mamão, saputilha, manga, ginja e um fim de safra de caju. No melhor das horas, alguém gritou de outro quintal:- “Pega ladrão” estão roubando as frutas da D.Vilma, seus moleques!
Nisso despertou o cachorro que veio parece flecha. Betoca e Ginoca os menores, que estavam no chão pegando as frutas e depositando nos sacos se desesperaram e correram na direção de subida do muro. Para completar D.Vilma vinha chegando com o seu filho, Carlos, que era médico e muito amigo da D. Dina, mãe de Higino e Júnior.
Mais que depressa, os maiores com alguns sacos, pularam o muro e se foram. Betoca ajudava Ginoca a subir e pedia ajuda.
Júnior percebendo o desespero resolveu voltar para ajudar Betoca a subir, bem na hora que o cachorro impiedoso, ao tentar pegar a sua perna, pegou a percata novinha do Betoca.
Com o que tinham já dava para ir, mas Betoquinha não ia sem a sua percata e movido pela sua consciência e a possível surra que iria levar, subiu de volta no muro e começou a chorar.Júnior e Higino então resolveram ficar em solidariedade ao primo. Chuí chorava Betoca, Chuí chorava Ginoca, Chuí os dois choravam.
Carlos viu aquela lamentação e foi ao quintal ver o que estava acontecendo, viu o cachorro ladrando para os meninos que estavam no muro chorando, ao mesmo que viu o cachorro brincando com uma sandália, viu também empilhados nos cantos sacos e sacos de frutas. E enquanto a sua mãe xingava os meninos, ele pensava e despertava da boca aqueles sorrisos marotos, simpáticos, de pessoa bondosa e instruída.
Após um novo sorriso disse assim: - Por que estão chorando?
-Porque o cachorro tilou a minha pelcata e se eu chegar sem ela vou apanhar da mamãe!Disse Betoca.
-Quem é a tua mãe?
- É a D. Glaça, que Tlabalha na fablica de fazer onça.
- Ah! já sei, prima da Herdinair!
- Não chore, vá lá pela frente que eu vou prender o cachorro e vocês poderão vir aqui pegá-la, juntamente com essas frutas.
Júnior se escondeu com vergonha, enquanto Higino com Betoca iam pegar aquelas enquantidade de frutas.
Disse o médico abrindo a porta, após prender o cão: - Entrem meninos!
Cabisbaixos eles entraram, protegidos pelo Doutor, passaram pelos olhares atentos e reclamantes de D. Vilma, de D. Bebê, D. Tereza, entre outros vizinhos que vieram denunciar.
Disse o médico: - Dá próxima vez peçam que a gente dá. Somente para você menores. Não vão atrás dos grandes, pois eles agüentam o que plantarem, mas vocês podem se machucar violentamente.Já pensou se o Rinti pega vocês, até chegar socorro, seria o fim. Ademais é errado entrar no quintal das pessoas, sem a devida permissão. Nunca mais façam isso.Vocês prometem?
Enquanto Ginoca se enterrava de vergonha, Betoca falou: - sim senhor, a gente só fez pela aventula!
O Dr. Carlos não agüentou e riu a toa.
Agradecidos e sorridentes os meninos foram-se, levando seis sacos abarrotados de frutas e se dirigindo para o quintal da tia Dina, onde rindo, após o caso passado repartiriam os frutos daquela aventura.
No ínterim de todo aquele acontecimento D. Margarida, que não se conteve contratou com dona Vilma, também inconformada com o salva guarda dos moleques, e foram à casa da D. Dina, bem na hora em que a D. Graça vinha chegando para procurar o Albertinho e delataram tudo o que aconteceu.
Lá pelas sete da noite, a lua a pino descrevia a expectativa pelos últimos capítulos da Novela, mas quando os meninos vieram surgindo sorrindo e com os frutos devidamente divididos, a festa começou e a casa caiu.
Betoca, Ginoca e Vum não se livraram da surra histórica, que se estendeu pelos outros fujões, Paulinho e Moisés.
Logo no primeiro dia do ano de 1973 essa foi à manchete da rua, que os outros meninos comentavam sem parar, enquanto calados e de couros quentes, Higino, Júnior e Albertinho foram dormir.
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