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cronicas-->RIQUE... QUE BOM QUE VOLTOU! -- 11/05/2003 - 19:19 () Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Eu me abraço a ele.
É verdade. É de verdade mesmo que o nosso menino está de volta!
Ouvi a voz de Júlio chegando e percebi que havia algo novo no ar.
─ Veja só quem está aqui.
Olhei bem e o reconheci no mesmo instante.
Ele está bem mudado. Digo mudado fisicamente.
Rique, tantos anos. Uma terra distante. Tantos anos... Uma única carta. Deliciosa aquela carta. Eu a guardarei sempre.
Rique cresceu aqui na vizinhança. Nós o amamos tão logo o conhecemos.
E como não amar alguém tão especial?
Ele cresceu convivendo conosco. Não passamos um só dia sem vê-lo. Sem termos tido a graça de desfrutar de uma companhia tão gostosa.
Henrique, a gentileza em pessoa. Um senso de humor como poucos. Uns olhos orientais carregados de amor.
Os bolos com cobertura de chocolate... não posso ver um sem lembrar-me dele. Eram os seus preferidos.
─ Abra o forninho e pegue um pedaço Rique. Não se envergonhe. Eu os faço pensando em você.
A velha máquina de escrever. Ele foi meu aluno aplicado.
A sala de estudos. Rique desenhando ao lado de meu filho. O "Di" costuma dizer que se espelhou no amigo querido. Na verdade os dois são muito bons nisso. Bons demais até.
Os passeios.
─ Rique, veja só o tombo dele... (risos).
─ Sonia, ele ainda diz que é o Tarzan.
Quantos risos. Quantas brincadeiras descontraídas. O nosso amigo sempre nos acompanhando.
─ Vamos à floresta? Vai levar lanche?
A pequena mata era uma "floresta" para os garotos.
─ Que faz aí nesta cadeira de balanço?
─ Alongamento.
─ Vai se machucar assim.
─ Não há perigo. Tenho uma revistinha que ensina estes movimentos.
─ Ah! Me esqueci que é o Bruce Lee.
Ele vinha nos ver todos os dias. Estávamos tão acostumados com ele sempre por perto e um dia Rique partiu para o Japão.
─ Cibele, ele nos esqueceu.
─ Não madrinha. Ele não os esquece. Fala sempre de vocês e lhes têm o maior carinho.
─ Nunca escreveu uma carta. Não liga.
─ É falta de tempo, mas ele vai escrever, vai ver.
A irmã adotiva que volta e meia estava no Japão me garantia que ele não nos esquecia.
Um dia, uma letra inconfundível num envelope na minha caixa de correio.
Linda carta, carregada de emoção. Carregada de Rique.
Respondemos-na a quatro mãos.
Mais de um ano se passou.
E hoje ouço vozes. Um vizinho que entra acompanhado do filho e mais atrás um rapaz forte e lindo.
A emoção toma conta de todos nós.
Nosso amigo querido. Cresceu ao nosso lado e seis anos esteve distante.
─ Como está a vida?
─ A vida é diferente no Japão.
─ E você como está?
─ Vou ser pai.
Vinte e seis anos já. Um homem, mas o mesmo menino de sempre. Mesmo sorriso doce. A voz carregada de amor.
Nada mudou. Somos os mesmos de sempre.
Rique faz parte de nossa vida.
Que importa que esteve tantos anos longe, que importa sua realidade tão diferente da nossa?
Falamos do passado, da vida atual, dos problemas do mundo.
─ Volto para o Brasil definitivamente daqui um ano e meio.
Preciso abraçá-lo para sentir que ele é de verdade, que o passado não morre. Que o que se vive faz parte de nós para todo o sempre.
Olho-o e fico admirando seus olhos estreitinhos, os cabelos tão diferentes do tempo que ele era um garoto. A boca bonita. O corpo de menino franzino fez-se um corpo cheio, másculo.
A voz ficou mais suave. Um forte sotaque. De tanto falar a outra língua o português dele não é o mesmo.
O sorriso de menino é eterno nele, a delicadeza não mudou e o amor por nós eu sinto que é o mesmo de quando nos conhecemos há quinze anos.
─ Quero bater fotografias de nós cinco juntos. Me passe seu e-mail. Retorno na semana que vem ao Japão, mas desta vez vou escrever. Mando as fotos pelos e-mails e não vou perder o contato.
─ Vai mesmo escrever?
─ Vou. O tempo é diferente lá. É uma loucura, não dá para fazer as coisas, e quando vemos já se passou o tempo. Pensamos em escrever e não o fazemos.
─ Rique, volte aqui para nos ver antes de retornar ao Japão.
─ Eu volto aqui. Volto sim.
Olho-o e penso que ele mora em nós e nós nele. Ele nunca deixou de estar dentro de nossa casa, de nossos corações. E nós somos responsáveis em parte pelo que ele se tornou. Sua personalidade foi formada na convivência conosco.
Nem precisamos dizer que nos amamos intensamente. O amor tem este dom maravilhoso e misterioso de existir sem explicações desnecessárias.
Ele voltou... na verdade nunca partiu. Mora em nós e nós nele.









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