Para relembrar a madrugada que passou, quando, num acesso irrefreável de engajamento usineiro, dediquei-me à leitura exaustiva do que o quadro de avisos abrigava naquelas horas mortas.
Tive sorte. Nenhum dos vigilantes estava a postos. Escrevi o primeiro recado e aguardei pelo de sempre: a resposta infalível, átimos de segundos depois. Não veio.
Cometi o segundo recado. Nada. Cocoriquei então pela terceira vez, me sentindo como pinto no lixo, para usar a jamelaniana expressão.
Agora, de volta ao local do meu delírio, achei aconselhável perenizar esse momento único em minha trajetória usineira. Três recados seguidos sem nenhuma resposta à queima-roupa.
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TEOLOGIA DA ESCULHAMBAÇÃO: O TRAILLER
Ou vocês achavam que lá na eternidade ninguém está de olho aqui neste quadro de avisos ? Em sua 29a. edição, TEOLOGIA DA ESCULHAMBAÇÃO quer ser um divisor de águas. O Pai, o Filho e o Lúcio Emílio do Espírito Santo Junior desvendam o nome de um autor que virou sigla, à luz do escritor mineiro de Cordisburgo e ao som de "I m fucking in the rain" do nosso impagável Sardemberg "Guabi" Guabyroba. Rir é o melhor remédio. E a eternidade, vereis, também pode ser um tédio. Mas, e o fim do mundo? E se Deus vier? Que venha desarmado. O governo prestimosamente acaba de destruir todas as armas recolhidas durante o ano de 1997. Bem, o trailler está ficando interminável. E o texto é longuíssima metragem para os padrões da série agora divinamente lida e festejada. Avante!
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DAS MARIPOSAS VIRTUAIS
Uma nova e radical modalidade: os anônimos efêmeros. Uma dessas mariposas virtuais não achou graça nenhuma no meu "100 +", conforme e-mail enviado a partir de pago@bol.com.br . O endereço, ao fim e ao cabo, acabou por revelar-se "unknown", traduzo, "desconhecido". Pena, ficou sem a minha resposta sempre amável e bem-humorada. Vocês sabem que, depois de alcançar um certo número de leitores, os escribas entram numas de falar pausada e compreensivamente. Era a minha primeira tentativa de falar como "autor de um certo sucesso" no quadro de destaques . Já Kilandra, que está mais próxima da "coisa do espírito", acabou pegando bem o "espírito da coisa". Tem razão: como em paredes de colégio ou de banheiros. É isso aí. Quero distância de sociólogos, filósofos, gramáticos e quetais. Ou, simplesmente, a singela e - admito - nada original tentativa de pintar com algarismos. Tchüsschen! Kilandra, un bacio anche per te. Engana-se a efemeridade anônima: ainda escrevo com o dedo em riste. Viste?
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ZOCCA & ALMIRON: O BÁLSAMO DO MÍNIMO
Charlatães ou charlatões - são tantas as questões. Como que festejando Zocca, o retorno, o colega Almiron conta a história impagável do mosquito da dengue que entrou na sua casa (cf. um pouco mais abaixo). Ouso reformular a frase final: "Até para o Enéas o dengoso está perdendo nas pesquisas". Por mim, iria diretamente para a secção de contos . No título, uma sacada genial do minitexto: "E o chinelo cantou". Valeu, Saul Gonçalves de Almiron! Para debelar os surtos recentes de ilusão enunciativa acintosa, o bálsamo do mínimo.