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Contos-->A Música do Fim do Dia -- 23/12/2003 - 19:54 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Após a chuva fina, a imensidão azul celeste do céu se abriu como uma porta, e o sol sempre altivo se debruçou no vão do horizonte a aquecer os cantos úmidos do paralelo, que restavam, enquanto as árvores, as plantinhas, o córrego, as flores, os matinhos e centenas de pequenas vidas agradeciam o frescor daquela nuvem passageira, rabiscando assim, o fim do dia.
Logo quando as primeiras pontas de escuridão versaram a noite, se via uma agitação na mata. Os vaga-lumes, seresteiros, com os seus faróizinhos pra lá e pra cá, procurando posição para se agarrar, o Gafanhoto assentado numa pedra a beira do córrego a afinar o seu trompete, D. Joaninha abrindo as flores para os convidados assentarem, o louva-deus e o percevejo enfileirando-se num açaizeiro, enquanto no alto de uma mangueira, que deitava os seus ramos no riozinho, o sabiá matreiro, a Sururina e o Bem-te-vi e a Coleira anunciavam, num único refrão há terceira hora morta se aproximando.
D. Jacinta chegava com o sr. Besouro e a orquestra vida nova, orientada por D. Formiga a posicionarem-se de costas para o córrego, ao lado de D. Borboleta Azul e o sr. Minhocão permaneceram a darem os últimos retoques.
À medida que a hora ia envelhecendo, os primeiros raios de luar começaram a iluminar no âmago da mata.
Os baixistas...sapinhos e sapões, entre pedras e as vitórias -régias começaram a entoar introdução de Ave Maria, solada pela D. Cigarra do alto do cajueiro.
Era cinco e meia, o Sr. Grilo da ribanceira, com um cetro de bambu regia pontual aquele conserto:

“Ave Maria, paz na terra”.
Ave Maria...e todos os animais da mata respondiam.
“Ave Maria, paz, amor e harmonia”
Ave Maria, a vida que o outro dia dizia....
Pelo rio que descia corredeiras abaixo, entre pedras escuras, anos trabalhadas, abrigadas do sol, pelas árvores frondosas, dava um colorido escuro, pelos musgos que ali residiam.
“Ave Maria” diziam todos, todos pelos lírios vermelhos, brancos e azuis... nas encostas da corredeira. Todos diziam pelas Bromélias, pelas açucenas e pela flor dos vales, que estava escondida no meio das pedras.
“Ave Maria, agradecemos pelo dia!”
Quando parecia terminar, o Sr. Beija-Flor, com o seu saxofone, sobre todo mundo, apoiado numa flor do campo, incitou a segunda parte da melodia.
De súbito com o seu cetro, o maestro, digo o Sr. Grilo rabiscou no ar à Cigarra já com o violino, que contagiou o Sr. Besouro, no trombone, que falou no som ao trompete do Gafanhoto, que revolveu aos sapos da lagoa, no vocal, obedecendo aos mestres; Sabiá, Sururina e Bem-te-vi, valiosamente acompanhados pela passarada.
Foram uns minutos de muito som, muita zoeira...
A brisa valsava as folhas secas, quem não tocava se alegrava, a música de coração a coração repousava, numa harmonia, numa obra prima, até que...exatamente as seis, em ponto, quando a alma das horas, quando a alma das vidas internalizava a sensibilidade da vida, entre o luar e o orvalho fino que se agasalhava, abençoados eram todos. E a melodia, silenciava, para que todos pudessem respeitosamente descansar.
Ai o Grilo, com a baqueta chamou o silêncio e a cortina da escuridão tomou posse sem barreiras, enquanto o riozinho descia encosta adentro do mundo, que toda aquela água seguia.
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