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Erotico-->25. DESENLACES -- 17/07/2003 - 06:19 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Nestes últimos meses, vários acontecimentos me convenceram de que a família estava sob poderosa proteção espiritual.

No dia seguinte ao da revelação, saiu a sentença que obrigava Maria a contar Orlanda entre os herdeiros de Luís. Não dera tempo para as providências de sustação do processo. Foi preciso que Raul, através do nosso advogado, requeresse mandado de segurança, cuja liminar suspendeu a aplicação da ordem judicial.

Apenas para constar, devo dizer que o procedimento legal se arrastou, culminando com a comprovação do que a nossa família alegava, através do novíssimo sistema de constatação genética por meio do exame de DNA. As provas científicas levaram o juiz a recriminar publicamente a atitude de Setembrina, sem, contudo, dispor de nenhum ressarcimento de prejuízos, porque, argutamente, percebeu o meritíssimo que, em sendo ela do nosso sangue, a medida não surtiria qualquer efeito penal.

Quanto a nós, estreitamos os laços familiares ainda mais, admitindo a meia irmã no seio da comunidade, muito especialmente quando se descobriu que Orlando não estava tão preocupado com a condenação ao pagamento de pensão mas que possuía uma terceira família, mulher e dois filhos, situação que se constatou facilmente, por simples investigação decorrente da necessidade de atender aos reclamos do fórum.

Não quero dar ênfase a esse episódio menos feliz da minha biografia, porque aprendi que o tempo haverá de sanar todos os quiproquós provocados pela ação do livre-arbítrio humano mal administrado. As atividades espíritas em que tentamos interessar o malfadado deram causa a um temor das conseqüências dos atos em detrimento das pessoas que ia cativando ou dando origem e, depois, abandonando. É de ver que duas mulheres ficaram sós e, com elas, oito crianças. De qualquer modo, a companheira atual curou-o do vício da bebida, carregando com ele aos cultos da seita protestante de sua adoção religiosa.

Perguntei a Zabeu a respeito e obtive a seguinte comunicação psicografada por mim mesmo:

“Cada ser estagia num determinado nível evolutivo. Enquanto não se dispõe a avançar por meio da instrução, a qual engloba o entendimento do mundo espiritual e o procedimento no campo físico, pelo amor e pelo respeito às criaturas, há de marcar passo, engrossando cada vez mais o rol dos débitos. Mas a pessoa a que você se refere, permita-me lembrá-lo, não é de todo má. É ignorante e desconhece as repercussões afetivas de seus apetites carnais, porque está profundamente mergulhado na matéria. Tempo virá em que precisará reconhecer os males que praticou. Que nesse momento supremo encontre o apoio daqueles que houverem partido mais cedo para as regiões de luz. Ore por ele.”

Naquela mesma noite, empolgado pela facilidade com que recebi a resposta, desejei obter notícia de minha mãe e de Luís. Entretanto, Zabeu condensou sua peroração sobre a minha pretensão:

“Querido escrevente, por que não me interroga a respeito de quem está mais necessitado de preces e de luz, ou seja, o seu pai? Não preciso trazer a sua mãe para lhe dizer que está bem, que se alegra com o seu progresso e que admira o trabalho profícuo e desinteressado que você presta à comunidade congregada neste centro. Também você não pode desconhecer que Luís está sob amparo dos protetores familiares, lúcido e inscrito num curso adequado ao seu nível intelectual e sentimental, perfeitamente cônscio do enlace de Maria com Rodolfo, matrimônio que tem abençoado porque seus filhos estão recebendo a atenção de um homem afetuoso. O seu pai é que tem recebido os dardos da reprovação dos três filhos encarnados, embora se lembrem dele constantemente nas preces, todavia, sem calor, sem entusiasmo, penalizados com o sofrimento de suas mães. Quer saber como ele está? Pergunte a ele, diretamente.”

Faleceu-me a coragem naquele instante. Emocionalmente perturbado, rascunhei um pedido de perdão, já que julguei que merecera a reprimenda do guia, mas bloqueei inteiramente o canal de comunicação, sendo incapaz de receber qualquer outra página psicografada.

Ao término da sessão, durante a leitura das comunicações, impressionei-me com a clareza das informações contidas num dos escritos de Joana:

“Estou presente por chamamento de meu filho Cláudio. Graças a Deus! Pedi ao nosso protetor e amigo, Padre Zabeu, que perdoasse os sentimentos de revolta que Claudinho guarda em relação a mim. Disse-me o mestre que meu filho é forte e sabe distinguir entre o certo e o errado. Seja. Agora o puxão de orelhas está dado, como ocorreu comigo quando maltratei as pessoas que mais devia ter protegido e amado. Paciência é o que nos pede o Senhor para vencermos todas as provas que a nossa própria intemperança provoca. Devo informar que fui perdoado pela esposa e pelo filho que tão cedo se viu arrebatado do seio dos familiares. Nós três velamos pelas criaturas a que demos oportunidade de volver ao plano terrestre, sob os ensinos amoráveis dos conselheiros e mentores. Podemos pouco mas o que fazemos brota do fundo do nosso coração. Acusa-me a consciência ainda de ter praticado atos muito perversos. Enfrentarei, contudo, todas as minhas provações com o coração aliviado, porque tenho por mim as vibrações de alguns seres superiores. Deus abençoe a todos os presentes e estenda seu manto de amor ao meu Claudinho, a Ana Paula, a Lucas e a Mateus, bem como às famílias de Raul, de Setembrina e de Rodolfo! E mande um abraço meu pro Raimundo.”

Duas semanas depois, levamos o corpo do negro amigo ao cemitério, onde deixamos correr lágrimas de muito respeito e admiração. Foi, por certo, abraçar o meu pai, cuja memória resguardou integralmente, reconhecido e afetuoso. A ele dedico esta obra, num momento em que não me encontro totalmente refeito de sua dolorosa perda.

Nos últimos tempos, os companheiros do centro vêm prestando seu concurso para a realização deste texto, principalmente Jurandir, que se empenha em dar-lhe extremos de cuidados gramaticais. Joana ficou satisfeitíssima ao ver reproduzidas as suas mensagens mas Alzira pediu-me que limitasse a descrição de sua capacidade transcendental ao dia em que visualizou o Padre Zabeu. Frederico está empregado na minha firma e me ajuda bastante nos tópicos concernentes aos transportes humanitários a que o lema do Espiritismo me obriga, já que “fora da caridade não existe salvação”. Valdemar passou meteoricamente pelo centro e pelo livro. Ari e Valéria tiveram a satisfação, por diversas vezes, de receber notícias do Diogo e continuam freqüentando o centro para ouvir as palestras. Limitam-se a isso. Rosa Maria foi eleita presidente da instituição, mantendo Raspace como seu substituto oficioso. Aliás, Raspace tem realizado uma espécie de peregrinação piedosa, unindo as diretorias de diversas entidades irmãs, buscando experiências válidas e levando alguns trabalhadores da nossa seara como expositores, como no caso já referido de Ana Paula.

De Aristides não tivemos nenhuma informação, nem do que o levou a abalroar Luís, nem do que padece no plano espiritual. Contudo, o seu nome não me sai da cabeça, o que exige de mim a presteza das preces, para não enviar-lhe, em ondas desagradáveis, as vibrações negativas.

Raul voltou às reuniões eruditas e comanda os estudos das segundas-feiras. Odete permanece em seu posto de atendimento às mulheres. Maria só acompanha Rodolfo, o que significa dizer que não sai de perto de nós. Rodolfo, sem deixar de expor os temas doutrinários para os adultos, vem especializando-se em orientar os jovens encarregados da turma da mocidade, onde se encontra com meus filhos e sobrinhos. Iná comparece, sem regularidade, às atividades públicas do centro em que Orlando ia pegar a marmita dos tempos escassos, espaçando cada vez mais as visitas ao “Coração Amoroso de Jesus”. Ana Paula tem fugido um pouco das reuniões teóricas, buscando consagrar-se à área do atendimento aos doentes, aos miseráveis, aos desequilibrados, reunindo-se a um grupo que se preocupa em levar o Espiritismo aos hospitais, às favelas e às penitenciárias. Como tenho muito medo de vê-la refém dos infelizes, escolto-a na qualidade de guarda-costas. São ocasiões sacratíssimas, em que posso exercer os conhecimentos da doutrina fora da casa espírita, respeitando, todavia, por causa de meu amadorismo, as lições dos profissionais que nos conduzem, mas construindo, em minha mente e em meu coração, um projeto de envolvimento social mais amplo, para dar condições de progresso espírita a quem não tem qualquer alento material.

Preciso dizer que minhas esperanças se concentraram neste relato, primeiro passo que dou no sentido de bulir com as consciências e com as vontades? Sonho com isso.

Graças a Deus!


Indaiatuba, de 30.07 a 03.10.97.
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