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Teses_Monologos-->Um Pai Nosso um pouco diferente -- 13/12/2002 - 12:57 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Se alguém disser que o texto abaixo não tem quase nada a ver com o que tenho escrito, estará coberto de razão. Do meu ponto de vista, ele bem poderia ser obra de alguns dos usineiros que não leio. Posso adivinhá-los quase, se admitirem empreender a leitura de um texto que publico, coisa de que muito duvido, a roerem-se de inveja: "Por que não fui eu a escrever isso? Pai da Glória, como não pensei nisso antes?"

Na verdade, aportei às tantas, e também às tontas num site alemão chamado "evangeliumnetz", de onde inclusive tenho traduzido, em nome de impulsos sado-masoquistas que sempre hei reprimido, piadas pias e outras quinquilharias baratas. Ah, sim, andava atrás de textos sobre Martin Luther, querendo mais sobre a sua incomensurável empresa de ter praticamente criado um idioma, o Hochdeutsch, para traduzir a palavra de Deus.

Em algum lugar, já li, por exemplo, que ele teria montado a primeira equipe de tradução da história. E isso muito me alegrou, pois sempre achei que os empreendimentos translatícios deveriam ser, obrigatoriamente, obra coletiva.

O site não oferece qualquer referência ao autor do texto. Confesso que, sem saber ao certo por que havia principiado, por muito pouco, não desistia de trazê-lo ao português, mas uma força estranha (sei lá, bicho, são tantas coisas!) fez com que eu terminasse a travessia.


_______________________________

Um Pai Nosso um pouco diferente
_______________________________


"Pai nosso, que estais no céu..."

"Sim?"

"Não me interrompa, por favor."

"Mas é a mim que está se dirigindo!"

"Eu? Me dirigindo a você? Bem, não é bem assim. É apenas um costume, rezar desse jeito: Pai nosso, que estais no céu."

"Olha aí, outra vez! Você está me chamando pra começar uma conversa, não é mesmo? Então, qual é?"

"Santificado seja o vosso nome..."

"Mas você diz isso a sério mesmo?"

"A sério? Como assim?"

"Você realmente pensa em santificar o meu nome. Mas, afinal, o que isso significa?"

"Significa... significa que... puxa, pensando bem, não sei o que isso significa! Como vou saber uma coisa dessas?"

"Significa que você quer honrar o meu nome, que eu sou extraordinariamente importante, que o meu nome tem um valor enorme pra você."

"Aha. Hm. Bem, isso eu entendo. Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu..."

"Mas está colaborando para que isso aconteça?"

"Para que seja feita a tua vontade? É claro que sim! Vou regularmente à missa, pago regularmente o dízimo e ajuda as missões com alguma contribuição em dinheiro."

"Mas eu quero muito mais do que isso: que a tua vida passe a transcorrer na mais perfeita ordem; que desapareçam por completo os costumes com os quais estraçalha os nervos do próximo; que aprenda a pensar a partir dos outros e em favor dos outros; que todas as pessoas sejam ajudadas e cheguem ao conhecimento da verdade, mesmo o teu locatário e mesmo o teu chefe. Quero que os doentes sejam curados, que os famintos sejam saciados, que aqueles que sofrem sejam consolados, e que os prisioneiros sejam libertados; pois tudo o que fizer a cada uma dessas pessoas, é a mim que o faz."

"Mas por que está a dizer justamente a mim todas essas coisas? Não dá para perceber a quantidade de hipócritas, podres de ricos, que estão espalhados pelos bancos das igrejas? Preste atenção nessa gente!"

"Me desculpe! Mas eu pensei que fosse a sério, que realmente pedia pela chegada do meu reino, para que se cumprisse a minha vontade. E isso começa, é bem verdade, de forma inteiramente pessoal, com aquele que está a pedir para que isso aconteça. Só quando quiser o mesmo que eu, aí então será um mensageiro do meu reino."

"Isso já me deixa as coisas um pouca mais claras. Posso continuar rezando agora? O pão nosso de cada dia nos dai hoje..."

"Mas vejo que está um pouco acima do peso, meu amigo! O teu pedido implica na obrigação de fazer algo para que os milhões de famintos desta terra tenham o seu pão."

"Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido..."

"Mas, por falar nisso, e o Barbosa?"

"Barbosa? E você ainda me vem com essa! Sabe muito bem que esse cara me ofendeu em público, que ele costuma se comportar de forma arrogante em minha presença, que eu fico furioso antes mesmo de ouvir qualquer uma das brilhantes observações que ele costuma fazer. E isso ele também sabe! Como colaborador, não me leva a sério, fica zoando com a minha cabeça, esse tipinho..."

"Eu sei, eu sei. Mas, e a oração que estava fazendo?"

"Não era bem isso que eu tinha em mente."

"Ao menos, é sincero. Mas, por acaso acha muito divertido andar por aí com o coração cheio de amargura e repulsa?"

"É, isso me deixa mesmo bem doente! Isso me importuna, essa é a verdade."

"Eu quero sanar as tuas feridas. Perdoa o Barbosa, que eu também te dou o meu perdão. Assim, a arrogância e o ódio já não são mais os teus pecados, ficam sendo os pecados do Barbosa. Pode ser que acabe perdendo algum dinheiro com isso, vai acabar por perder com toda certeza um naco da tua imagem, mas isso vai te trazer de volta a paz ao coração."

"Hm. Não sei não se vou conseguir me superar nesse sentido."

"Mas eu te ajudo."

"E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal..."

"Nada melhor do que isso! Por favor, evite pessoas ou situações capazes de te fazer cair em tentação."

"Como assim?"

"Você conhece muito bem os teus pontos fracos: inconseqüência, interesse financeiro, sexualidade, agressão, educação. Não dê nenhuma chance aos que te querem pôr a perder!"

"Este foi o Padre Nosso mais difícil que eu já rezei, com toda certeza. Mas, pela primeira vez, tem algo a ver com a minha vida de todo santo dia."

"Que bom! Agora é seguir adiante. Pode terminar tranqüilamente a tua oração."

"Pois teus são o Reino, a Força e a Glória, por toda a eternidade. Amém."

"Você sabe o que é que eu acho mesmo uma glória? Quando pessoas como você começam a me levar a sério, a rezar de verdade, a seguir os meus ensinamentos e a fazer, então, a minha vontade. É uma glória, quando pessoas como você passam a perceber que sua atuação no sentido de promover a chegada do meu reino é capaz de fazer com que elas próprias se sintam felizes."


[Trad. zé pedro antunes]
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