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Cartas-->CABE UM MORALISTA NA USINA? EU O SOU! -- 13/06/2001 - 14:14 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vou assumir na Usina o papel de defensor da moral e dos bons costumes. Aos que discordarem de mim, paciência. Tolerância é só pra quem transgride? Se defender o bom uso de nosso idioma, serei defenestrado? Se implorar para que os outros usineiros não escrevam palavras chulas em seus textos, serei ridicularizado? Certamente que sim. Todavia, se toda vez que alguém é chamado de falso moralista, ao defender uma postura contra a qual a maioria se coloca, não é razoável admitir a possibilidade de haver um moralista que seja verdadeiro? A lógica diz que sim. A algo falso obrigatoriamente deve se contrapor um outro verdadeiro.

Não sou intolerante, como possa parecer à primeira vista. Certa vez alguém disse: “Isso é ridículo!” Fazendo referência ao fato de algumas meninas passarem semanas na fila pra comprar ingressos pro show dos Streets Boys. De fato é ridículo, contudo mais ridícula é a intolerância. Deixa essas doidas fazerem o bem que lhes der na telha. O dinheiro é delas. O tempo é delas. Que façam com eles o que seus pais, que também devem ser uns idiotas, permitirem que façam!

Pois bem, se tem alguém que defende com unhas e dentes alguns princípios, eu sou essa pessoa. Segue um exemplo. Todos os dias vou à pé pro fim da linha do ônibus que me leva ao trabalho, para poder chegar cedo e ir sentado. Tem uma fila que se organiza a fim de que todos entrem com ordem no ônibus. Quase todo dia tem um engraçadinho que fura a fila. Essa pessoa se acha muito esperta e melhor que todos nós que estamos pacientemente esperando na fila. Aí ficamos com cara de otário, título que tais pessoas parecem querer nos imprimir à força. Eu nunca furei fila em nenhum lugar. Portanto senhores defensores de tudo o que significa transgressão, tenho todo o direito de me indignar contra quem fura.

Não sou falso moralista coisa nenhuma. Não sou falso em nenhum sentido. Tenho ojeriza, por exemplo, a textos que ao invés de “anus”, “vagina”, “coito”, “pênis”, usam seus termos vulgares correspondentes. Claro, é mais erótico um texto que use o termo vulgar, não é mesmo? Se o escritor usar “vagina” o que ele escreve perde o status de erótico, passando para a categoria de “texto técnico”. Aliás, será que os leitores do Usina acham que as crianças desse país já estão devidamente aptas e maduras para, ao invés de “coito” lerem “trepada”? Provavelmente não. É óbvio que se uma criança, sem o consentimento dos pais, lesse um texto “erótico” teria dificuldades pra entender o termo, e seus pais provavelmente seriam tomados de espanto quando a criança lhes perguntasse: “o que é uma trepada?”

Uma coisa que me irrita profundamente são aquelas pessoas que se julgam mais especiais que as outras. Não estou falando aqui de inteligência. Essa onda de saber quem é mais inteligente que outro é besteira, pois o tal teste de QI é uma balela adorada apenas por quem acha que bom são os que tiram dez em todos os testes psicotécnicos. Por esse teste muitos dos gênios do mundo seriam considerados débeis mentais. Falo daqueles bobos que acham a normalidade uma coisa de “manés”. Se todo os rapazes do pedaço usam cabelo curto, vou deixar o meu crescer só pra ser diferente. Se nenhum amigo meu da escola usa brinco, então vou usar “só pra eles se mancarem... “ No outro extremo estão os que não conseguem viver bem se não acompanharem a moda. Basta a debilóide da Xuxa lançar uma sandália que todas as patricinhas no dia seguinte já estão usando. E por ai vai.

Os rebeldes sem causa não são piores do que os com causa. Qual o problema de alguém querer escrever segundo as normas cultas de nossa língua? Eu não tenho o direito de desejar que nossa flor do lácio seja respeitada, amada, preservada? Abaixo as regras, dizemos libertários. E digo também: abaixo a intolerância contra os intolerantes! Não vou fazer referência em meus textos a nenhum desses que se levantam como arautos na luta contra a intolerância. A recíproca é verdadeira. Se você se esforça pra escrever dentro de um padrão, vem o cara e diz: até acho bacana o que ele escreve, só não concordo com o padrão. Ou: mesmo não concordando com suas idéias, reconheço que ele escreve bem. Parece fingimento, não é? O que essas pessoas gostariam de dizer é: “SAIAM DA USINA, VOCÊS SÃO MUITO ‘CERTINHOS’ PRO MEU GOSTO!”

Por ora, é o que tenho a dizer. Dependendo das reações, volto ao assunto.
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