Crianças dos Palmares
Ly Telles*
Crianças negras, miúdas, à espera, fugindo da terra
Finas, fracas, em meio à guerra
Sem volta...no peito a revolta...
Lutando contra a injustiça dos “senhores”
Contra tudo, contra o nada – medo
Contra o “cheio” do poder, chibata
Nada nas mãos, só o vazio, só o vazio
Na mente, a revolta, o desespero
No corpo, o cantar do chicote...só o cantar do chicote
Magros lombos como esqueletos magros, indiferença
Lembram a mãe morte no tronco...definhar lá no tronco
Volta a força, seguem adiante.
Na frente, ali na frente, o Quilombo!
Quilombo dos Palmares – Serra da Barriga!
Elas, crianças negras, miúdas, caladas, famintas
Sedentas, tristes, com medo...esperança...não desesperança
Esperança do vir a ser...do viver...do vir a ser esperança...
Pobres crianças, fome, doença, frio, desesperança
Quilombo dos Palmares, Serra da Barriga,
Quilombo dos Palmares
Pobres crianças à procura de abrigo
À procura de Luz.
(*) Professora e poetisa. Desenvolve um trabalho com a terceira idade, na Oficina de Poesia – Universidade Gama Filho.
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