E a Criança sem esperança?
José Augusto de Oliveira*
Que esperança resta para a pobre infância
Se lhe falta até a própria alimentação,
Que é conseguida através da mendicância
Ou mesmo na condenável prostituição?!
Se a Constituição, que protege a criança,
Não é cumprida pelos poderes da nação,
Como, então, assegurar-lhe esperança
Se a morte prematura será a condenação?
Mas, sobram recursos para as negociatas
Que ensejam aos poderes a corrupção,
Vergonha que pode lhes parecer bravatas,
Porque a impunidade já se fez abjeção.
Crianças brasileiras já condenadas à morte
Pela fome, ou ao vício que as escravizam.;
Todavia, a miséria ser-lhes-à a fatal sorte,
Pois, se condenadas, de nada mais precisam.
E o resultante de sua própria desventura
É a vergonha que mais devia afligir a nação
Por vê-las já caminhando para a sepultura...
Sem que para os culpados haja punição.
Qual o destino desta Pátria sema infância,
Se a frágil juventude foge a seus deveres?
Será de tanto ver agigantar-se a tolerância,
Ver também naufragar no charco os poderes.
(*) Participante das antologias da Oficina –Rio de Janeiro.
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