Translúcido
J.B.Xavier
A tristeza que trago no rosto,
Não é bem tristeza, nem desgosto,
É uma triste sensação de abandono,
Uma vontade, talvez, de ser o dono
De toda a alegria disponível...
Mas, ah! Deus,
Com essa poesia sofrível sou dono apenas
Dos sonhos meus...
Mas se notaste, assim mesmo essa tristeza,
Mesmo escondida nos recônditos da alma,
Terás notado, certamente, outra coisa
Que não é triste, antes, me acalma...
Ainda assim, se em mim tudo se mostra,
Se sou tão translúcido.; assim, dolorido,
Saiba que é porque um coração carente
Nada esconde, nele tudo é transparente,
Tudo é refletido, e nele podes ver, quando me inflamo,
Novas luzes em meus olhos,
Novos sorrisos em meu rosto,
Que é o meu jeito de dizer “te amo”.
* * *
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