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Cartas-->Eu me dirijo à humanidade distraída (aos poetas do usina) -- 13/06/2001 - 07:42 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
[Excerto de uma carta em resposta a e-mail recebido de um leitor que sempre preferiu manter-se oculto sob o pseudônimo de "nobody". Na época, ainda não adivinhávamos, nem eu, e nem ele conforme acredito, os possíveis desdobramentos malignos dessa prática. E ele até já me salvou de alguns cochilos, bem como me sugeriu alterações interessantes em alguns poemas. Uma forma, digamos, benigna de uso do anonimato. A revelação de sua verdadeira identidade foi uma surpresa para ambos, inesperada, um daqueles lapsos ao qual se refere Magno Mello, em que o criminoso como que deixa pistas, porque na verdade quer ser descoberto. Mas isso num tempo em que ainda vivíamos a ilusão de um jogo eminentemente literário. Perdemos a inocência. O jogo agora se chama "campo minado".]



"Provocação" parece, mas não é uma frase dirigida apenas aos polemistas de plantão. Há feiticeiros sem feitiços que se voltem contra si mesmos. Muito triste.

Mas se funcionar como "provocação" à leitura mais freqüente e atenta dos textos alheios, já terá atingido a sua meta.

Não falo apenas dos meus textos, de que os leiam. Em outras ocasiões, já conclamei a que "LEIAMO-NOS UNS AOS OUTROS", como já mencionei o conceito de "não-leitores", fundamental para a compreensão dos fatos literários de sempre, e, muito especialmente, deste momento que estamos vivendo.

Quando criei a formulação "autores/leitores", queria manifestar a minha constatação de uma mudança radical na recepção literária, fato propiciado pela internet. Mais localizadamente, esse é um dos grandes méritos do usinadeletras (cf. "O usinadeletras e a sina das letras", entre outros). Ou seja, além de autor/leitor, também me erigi em autor/leitor/crítico dentro do site. E isso não é pretensão, é trabalho, trabalho árduo, trabalho sobretudo literário. Difícil compreender que alguns esperem, de um site literário, outras aventuras que não as literárias. Incrível pensar que imaginem esse retorno perverso à oralidade, com todos os seus subprodutos. Nada contra a oralidade, você sabe. Falo da regressão a estágios aos quais nenhum de nós, salvo cinismo ou ignorância, pode pretender retornar. E isso num espaço que tem (um grande achado!) o nome de usina . E eu que me acreditava livre do bafio das salas de bate-papo...

Confesso que os pseudônimos (e talvez seja isso o que me tenha impedido de ter a idéia de procurar pelos teus textos, não achando que pudesse ser um pseudônimo literário, apenas isso), codinomes, heterônimos, essa proliferação de bobagens, esse anonimato que tem mais a ver com os chats, me incomodam. Já faz algum tempo que perdemos algo muito precioso no usina , a reciprocidade (cf. Jônatas Micheletti Protes), a possibilidade de nos dirigirmos uns aos outros em inteira confiança. A minha laudatio ao usina , no início, soa hoje ingênua. E era. E é. E seguirá sendo. Foi num tempo em que me espantava poder participar de um acontecimento verdadeiramente democrático, inesperadamente democrático (ai de nós, que possamos pensar e dizer isto!). Mas, convenhamos, depois de ter trocado correspondência com algumas inexistências assumidas, e, nunca o neguei, reconhecendo em suas manifestações escritas, se não o resultado melhor, ao menos a promessa de realizações literárias importantes, começamos a desconfiar que algo muito ruim estava acontecendo. Mas quem não viu, na infância, no auge de uma brincadeira, alguém não muito aceito pegar a bola dizendo "é minha", e o jogo estava terminado? Felizmente, para mim, antes disso já havia conquistado relações inestimáveis dentro do site, algumas para sempre, nessa aventura que era poder ler um texto, falar sobre ele com entusiasmo e ainda me dirigir pessoalmente a seu autor, o que quase sempre resultava numa troca produtiva de informações, impressões, opiniões, grandezas, humanidades.

Em muito pouco tempo, trataram de demolir esse meu espanto inicial, trataram de dizer que não, não era verdade. O usina é terra de ninguém? É. Terra arrasada? É. Como tudo o mais que nos cerca? É. Então, o azar é todo nosso. Há pessoas incapazes de suportar as diferenças. Uau! Com tanto espaço. Antigamente se dizia: “o mundo é grande, minha gente!” É grande o mar, internáufragos, e cada qual traz a sua bóia feita de experiências de vida, conhecimentos adquiridos, sentimentos cultivados, boas maneiras, bom caráter, coisas de muita valia na hora, por exemplo, de um naufrágio. Mas sempre tem aquele ali ao lado, com o seu isoporzinho carcomido, o olho gordo voltado para a iminente salvação dos outros. Esses, se pudessem, tirariam todas as palavras da tua boca.

Nâo, a tecnologia em si mesma e por si mesma não é nem boa e nem ruim. Depende do que fizermos dela e com ela. Será que ainda é tempo?

E "eu me dirijo à humanidade distraída", como se lê em meu "sonhos de fausto".

Uma brincadeira como "quem conta um miniconto", para os polemistas de plantão, acaba parecendo provocatória. Não, eles não têm a leveza e nem o talento das respostas de um grande poeta como o Mauro Bartholomeu (e quem me dera que esse fosse apenas mais um nome para a minha persona literária!). Para quem leu, a leveza é uma das propostas de Calvino para o (próximo?) milênio, um dos legados da literatura para o futuro do homem.

E, pasmemos, mesmo um texto como "Provocação" acaba sendo tomado como sendo só mais uma delas. Ai daqueles que ainda não aprenderam a desconfiar da "ilusão enunciativa". Ai dos feiticeiros sem feitiços que se voltem contra si mesmos. Que trampo! Terem de inventar tudo isso, toda essa baixeza! Estão condenados a se afogar no "pântano de salivação" (esta é do Uilcon Pereira, que nestas alturas o leitor já saberá quem seja?) que eles próprios promovem. Aliás, não um "pântano". Isso já seria grande demais. É para quem já viveu, pensou, imaginou, sonhou grandezas. Falta grandeza. Grandeza de espírito. Mas isso não tem para vender em supermercado ou drogaria. Pior para nós todos.
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