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Contos-->Delícia mortal -- 05/12/2003 - 18:23 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Reunião de fim de ano. Amigo secreto, champanhe, panetone, uvas, passas, chester, peru, bolos e sorvetes. Foi assim que Clarino comemorou a quarta-feira.
A turma do escritório marcou para a quinta um encontro na pizzaria do Marconi, um italiano que havia chegado há pouco da Sicília. Mal e mal acertava umas palavras em português. Entendia muito de massas e da Gioconda, uma das mulheres mais belas que já tinha surgido na península itálica.
Gioconda ocupava metade das palavras emitidas por Marconi. Comparava tudo à mulher, desde a arquitetura, passando pelos conceitos de intelectualidade, paixão e culinária.
Fazia comentários do tipo "praia linda como o sorriso de Gioconda, brilhante como as idéias de, carne gostosa como as de..."
Os amigos de Marconi ficavam encabulados, mas aprenderam que ao elogiarem qualquer coisa em sua presença tinham a necessidade de citar as comparações, sob pena de haver conflito. Tanto é que um letreiro na pizzaria anunciava: Depois de Gioconda, o que há de melhor para o seu paladar.
Não poucos eram os que freqüentavam o local comentando entre sorrisos e gargalhadas a mania esquisita do siciliano.
Como alguns dos sicilianos descendentes dos condotieri, Marconi tinha lá seus costumes mais complicados também. Diziam que o motivo de sair da Itália eram cinco ou seis assassinatos. Por Gioconda.
Marconi tinha o hábito de elogiar sua esposa desde o primeiro dia em que se viram. O primeiro que morreu foi um que criticou as magras pernas da jovem. Uma punhalada certeira.
As outras mortes foram por críticas aos olhos, cabelos, formato de quadris e orelhas. Assim diziam.
Na quinta-feira o grupo de Clarino foi todo para a pizzaria Delícia. Vinho, cerveja, pizzas, um monte de iguarias etílicas e culinárias para deixar qualquer um doidão.
Foi assim umas três horas consecutivas.
Por volta da meia-noite surgiu Marconi com sua musa. Visitou todas as mesas e parou diante do embebedado Clarino. Perguntou então sobre a possível origem do nome. Clarino respondeu que pelas massas. Marconi cerrou os olhos, cheio de ódio. Indagado outra vez, confirmou.
Marconi ainda apontou sua esposa, mas Clarino não entendeu.
A tragédia foi consumada com um tiro certeiro no coração do pobre. Inocente, jamais poderia imaginar que tinha que chamar a mulher do carcamano de deliciosa. Morreu por excesso de zelo.
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