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Contos-->QUANDO FIQUEI VICIADO PELA VERDADEIRA DROGA -- 04/12/2003 - 11:17 (((((EU SOU DO SUL))))) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUANDO FIQUEI VICIADO PELA VERDADEIRA DROGA

“Tudo começou quando eu tinha 14 anos e um amigo chegou
com aquele para de “experimenta, depois, quando você
quiser, é só parar...”, e eu fui na dele. Primeiro ele
me ofereceu coisa leve, disse que era de “raiz”, “da
terra”, que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco
do “Chitãozinho e Xororó” e em seguida um do “Leandro e
Leonardo”. Achei legal, coisa bem brasileira; mas a
parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais
freqüente, comecei a chamar todo mundo de “amigo” e
acabei comprando pela primeira vez.
Lembro que cheguei na loja e pedi: - Me dá um CD do Zezé
di Camargo e Luciano. Era o princípio de tudo! Logo
resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um
CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa
leve... “Banda Eva”, “Cheiro de Amor”, “Netinho”, etc.
Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores: “É
o Tchan”, “Companhia do Pagode”, “Asa de Águia” e muito
mais.
Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de
coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais
desafiador, que me fizesse mexer a bunda como eu nunca
havia mexido antes, então, meu “amigo” me deu o que eu
queria, um CD do “Harmonia do Samba”. Minha bunda passou
a ser o centro da minha vida. Minha razão de existir. Eu
pensava por ela, respirava por ela, vivia por ela!
Mas depois de muito tempo de consumo, a droga perde
efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais,
mais...
Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das
paradas. Foi a partir daí que começou a minha
decadência. Fui ao show de encontro dos
grupos “Karametade” e “Só Pra Contrariar”, e até comprei
a Caras que tinha o “Rodriginho” na capa. Quando dei por
mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão
tinha crescido muito em função do pandeiro, meus
polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo
Fazendo sinais de positivo. Não deu outra: entrei para
um grupo de Pagode.
Enquanto vários outros viciados cantavam uma “música”
que não dizia nada, eu e mais 12 infelizes dançávamos
alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais
combinados.
Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e
pedi a coletânea “As Melhores do Molejão”. Foi
terrível!! Eu já não pensava mais!! Meu senso crítico
havia sido dissolvido pelas rimas “miseráveis” e letras
pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava
em nada mais. Mas a frase negra ainda estava por vir.
Cheguei ao fundo do poço, no limiar da condição humana,
quando comecei a
escutar “Popozudas”,”Bondes”, “Tigrões”, “Motinhas”
e “Tapinhas”.
Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido.
Quando saía à noite para as festas, pedia tapas na cara
e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros
drogados, usuários das drogas mais estranhas; uns nobres
queriam me mostrar o “caminho das pedras”, outros
extremistas o “caminho dos templos”.
Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir
aos radicais, ser dominado pela droga mais poderosa do
mercado: a droga limpa.
Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros
amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por
mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses
cavalares do Rock, MPB, Progressivo e Blues. Mas o meu
médico falou que é possível que tenham que recorrer ao
Jazz a até mesmo a Mozart e Bach.
Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas
a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes
só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua
saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te
oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado:
alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e
distante; vai perder as referências e definhar
mentalmente.
Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique
esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é
droga ou não, faça o seguinte:
- Não ligue a TV no Domingo a tarde;
- Não escute nada que venha de Goiânia ou do Interior de
São Paulo;
- Não entre em carros com adesivos “Fui...”;
- Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito
foi ao programa da Hebe ou se apareceu na Sabadão do
Gugu;
- Mulheres gritando histericamente é outro indício;
- Não compre nenhum CD que tenha mais de 6 pessoas na
capa;
- Não vá a shows em que os suspeitos façam gestos
ensaiados;
- Não compre nenhum Cd que a capa tenha nuvens no fundo;
- Não compre qualquer CD que tenha vendido mais de 1
milhão de cópias no Brasil;
- Não escute nada que o autor não consiga uma
concordância verbal mínima;

Mas, principalmente, duvide de tudo e de todos. A vida é
bela! Eu sei que você consegue! DIGA NÃO ÀS DROGAS!”



Luiz Fernando Veríssimo
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