Matuto do pé de serra,
Não lê nem a letra “o”,
Totalmente analfabeto,
Até seu nome ele erra;
Paciente tal qual Jó,
Coitado, ele vive só,
Zanzando por sobre a Terra,
Na sua história se encerra
Uma tragédia que dá dó.
Sem forças, perdeu a guerra
E tem seu mundo invadido
Por um exército inimigo
Que do seu chão o desterra;
Mesmo forte e destemido,
Por humildade é convencido
Que bom cabrito não berra,
Na sua história se encerra
Um viver duro e sofrido.
Seu horizonte não descerra,
As portas lhe são fechadas,
Os corações não lhe acolhem,
Seu ânimo morre, se enterra;
Esperanças são frustradas,
Alma e fé são devastadas,
Enfim, nele tudo emperra,
Na sua história se encerra
Lutas vãs e fracassadas.
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