Como essa chuva que lava tudo,
eu queria chorar todas as lágrimas
até sentir o peito seco e aliviado.
Expelir todas as dores pelos poros num esforço supremo.
Eliminar a tristeza exposta, a oculta, a disfarçada
num choro longo e contínuo.
Eliminar a mágoa, a incerteza, a solidão.
Expelir a sensação de abandono, de falta de amor.
Queria chorar como criança fazendo birra,
desabafando com a vida toda a angústia reprimida
Expor ao mundo minha dor, meu grito de revolta.
Depois, em silêncio, enxugar os olhos com as costas das mãos,
levantar o corpo, abrir bem os olhos inchados
estender um pé, depois outro e recomeçar a caminhar.
No chão a poça de lamentos evaporando ao sol.
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