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Cartas-->A Magno Antonio Correia de Mello -- 11/06/2001 - 23:12 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
[De um e-mail enviado nesta segunda-feira, 11/06/2001. Procedi a algumas correções estilísticas ou gramaticais, além de ter feito alguns acréscimos necessários, sempre entre colchetes, mas sem alterar fundamentalmente o teor da mensagem.]

________________________________________


Meu caro Magno Antonio Correia de Mello,

ontem, não sei se por sorte ou infelicidade, acabei perdendo um longo e-mail que deveria chegar ao teu endereço.

Lamento, inclusive, porque ali, acredito, eu tinha finalmente conseguido dar expressão a algumas coisas que me incomodam, a coisas que me levaram a dizer, se é que leu no quadro de avisos , que, em outras circunstâncias, de um outro ponto de vista, e sobretudo sem a mesma precipitação, poderia ter sido eu a assinar esse teu "As polêmicas da Usina".

Neste exato momento, acabo de responder a um e-mail muito amável da Maria Georgina Albuquerque, que me chegou num momento necessário, como disse a ela, fazendo-me recordar um tempo que já vivi, que já vivemos, no site, quando era possível a convivência em termos humanos, democráticos, razoáveis.

Acredito que, mesmo com você (não, não pretendia situá-lo como inimigo, apenas lamento que também tenha sido vítima de um embuste, não saberia ainda dizer de quais proporções), cheguei, na época, a estabelecer contato, e me lembro de que conseguimos trocar palavras bastante cordiais.

De resto, como já fiz com todas as outras pessoas que também considero sérias, fazendo uma literatura séria, buscando seriamente estabelecer contato entre semelhantes, iguais, pares, irmãos.

Foi assim com Clivânia Teixeira, a quem cheguei recentemente a enviar um texto meu ainda inédito, em absoluta confiança.

Foi assim com Nandinha Guimarães, logo que comecei a freqüentar o usina , de quem sempre admirei a técnica habilidosa na construção dos versos, mesmo fugindo inteiramente às minhas preferências literárias pessoais.

Foi assim com Leonardo Almeida Filho, talvez o nosso melhor artífice, com uma prosa que não poderá ficar muito tempo mais desconhecida do grande público que ainda lê livros em letra impressa.

Foi assim com Jorge Pieiro, por onde na verdade entrei na convivência do usina , justamente, por um feliz acaso, à leitura de um artigo sobre um dos meus maiores amigos na vida, o Uilcon Pereira, de quem ainda muito falaremos.

Foi assim com Jônatas Micheletti Protes, que já aos 16 anos é capaz de caminhar ileso por esse "pântano de salivação" em que se transformou o usina . Foi ele, aliás, quem me alertou (antena poderosa) para o fato de eu poder estar sendo vítima de algumas ciladas. Depois, muito depois, agradeci a ele por esse alerta sutil, elegante, poético até, como tudo o que ele vem publicando.

Foi assim com Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior, com quem mantenho há bom tempo correspondência das mais interessantes, pois somos ambos acadêmicos, mas nem tanto como você julga, a ponto de nos tranformarmos em monstros pretensiosíssimos e de nos escorarmos em títulos (talvez não tenha percebido ainda o quanto posso ser irônico: releia o meu texto de ontem).

Foi assim com Bruno Freitas, com quem tenho feito algumas parcerias, eu revisando algumas das traduções que ele publica (sim, isso existe no site).

Foi assim com Beto Muniz, extraordinário novo companheiro.

Foi assim com Eduardo Henrique Américo dos Reis, autor de algumas das melhores narrativas mínimas publicadas no site.

Foi assim com Tchello d Barros, com toda certeza um gênio laborioso com seus "poemínimos".

Foi assim com Fernando Tanajura Meneses, de quem admiro a elegância e a generosidade com que tenta distribuir a todos as informações de ponta, certamente para que cresçamos todos juntos.

Foi assim com Renato Rossi, um cronista entre os melhores, sempre reticente e bem-humorado ao quase que rechaçar elogios. E foi só o que tive para ele, sempre.

Foi assim com Cláudia Sanzone Moraes, "animal" em tudo o que escreve e já vi publicado.

Foi assim com Mauro Bartholomeu, Pierini, Stênio, Fernando Brandão, Hilário A. Amaral, Theodora, Alexsander Scorsi, Hélio Luis de Jesus Pompe, Marcelina M. Morshel. E, se os coloco reunidos aqui sem nenhuma hierarquia, e ela existe, é porque todos, de alguma forma, participam do meu dia a dia. A maior parte deles chegou ao usina por obra do meu entusiasmo. (Releiam "O usinadeletras e a sina das letras". ali estão as marcas desse momento luminoso.)

Foi assim com tatos outros. Espero não ter deixado nenhuma lacuna irreparável.

Mas, infelizmente para todos, foi assim também com algumas não-existências de incrível e alimentada permanência em nosso meio. Foi quando escrevi, por exemplo: "silêncio-cio", para me iniciar num exercício que considerava necessário, quase ascético, de não me afogar, como tantos, no "pântano de salivação" que agora lamentavelmente se transpõe do quadro de avisos para a página principal.

[Acrescento: continuo ainda a defender a qualidade de alguns dos textos publicados por essas pessoas sem identificação precisa. Lembraria ainda que uma piada também pode ser séria: "A arte / ou é ética / ou é titica".]

Como disse no meu texto, lamento por todos aqueles que, precipitada e sofregamente, assumiram o papel de algozes.

Não, não é verdade que eu tenha agora assumido o de vítima. Ele me foi imposto. O teu artigo veio apenas dar voz àqueles a quem você trata de combater.

As setas estão invertidas, meu caro Magno Mello. Aquela que agora te incensa [Milene Arder], também já distribuiu rações fartas, no quadro de avisos , a esses ferozes inimigos que você acredita poder resumir sob o meu "gênio maligno". [E, com ela também, cheguei, há algum tempo, a trocar impressões de leitura, se é que ainda se lembra.]

É inacreditável que tenha sido assim. O título do meu artigo, releia, diz isso: "Deve ter havido algum engano (mais um?)".

Não, nenhum rancor, só não farei, como Joseph K. não o fez, praticar eu mesmo o ato que sempre, em toda a História [em todas as histórias], ficou reservado aos carrascos. Executem-me. Linchem-me. Sigam até o fim, se não vier nenhuma réstia de luz para iluminar os nossos caminhos pedregosos.

Pode acreditar nisso: o apagão moral não é apenas o espetáculo grotesco que os nossos canais de TV expõe a céu aberto, como uma fratura exposta. O apagão moral penetra em cada desvão da nossa condição humana miserável. Estamos miseravelmente ao sabor dos acontecimentos. A internet é um mar tormentoso. Gosto da palavra "internáufragos". Somos. Cada qual terá de se virar com a sua bóia de bom-senso, lucidez, silêncio, concentração, aceitação do seu quinhão de sofrimento, se quiser preservar intacta a sua humanidade.

Por isso me calei. Por isso me calo. Não pode ser que não exista mesmo mais o entendimento. Também não vou poder assumir agora todos os papéis. A sorte está lançada.

Em tempo: se quiser reler alguns dos meus textos, vai encontrar ali elementos de sobra para a minha possível defesa.

Meu coração permanece aberto e a minha consciência tranqüila.

Sou uma peça do jogo, mas o jogo para mim é "eminentemente literário". [E há tempos deixei de lado tudo o que, no site, foge a essa especificação.]

Por isso, acredito, tenho conquistado tantos leitores. Por isso, o que me deixa mais feliz ainda, tenho conquistado tantas produtivas relações de amizade e reconhecimento mútuo.

Vai ver que, a maior parte do tempo, eu mais tratei de construir, elevar as manifestações que julgava dignas da nossa atenção, e mesmo aquelas, repito, que nada têm a ver com as minhas preferências literárias pessoais.

Sempre defendi a diferença, a convivência de todas as tendências. Não lhe faltarão subsídios, quando achar que é chegado o momento de sair em minha defesa.

Sinceramente, com um grande abraço,

zé pedro antunes
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