NASCE UMA POETA
A poesia de Hercília Siqueira é sincera e simples. Vem do sentimento, da alma, das coisas do dia-a-dia. Quer falando da amizade, do amor, da solidão ou cantando as tantas saudades ou as alegrais e tristezas do coração, ela se
desnuda sem medo de errar, mas com uma firme intenção de tornar este mundo melhor e mais saudável. Assim a pegamos a dizer:
Me leva a navegar,
queria contigo ver o mar...
Transporta-me com tua magia,
telepatia, até bem perto das estrelas
(in Me leva)
Destarte, ela vai com sutileza transformando as realidades banais em momento de sonho e magia.
Hercília não rebusca seus versos, talvez sem querer confundir o leitor, talvez por querer refletir propositalmente sua alma simples e expontânea. Ela é aberta em seus pensamentos mesmo quando chora e diz:
Um dia te chamarei de querido,
meus olhos mal vão enxergar
por tantas lágrimas a rolar
(in Querido)
Ou quando se absorve no seu questionamento - que é o questionamento do muitos viventes deste planetinha tão habitado e tão solitário - quanto às incertezas do estar só:
Me diz o que vai ser de mim
distante de ti?
(in amor distante)
Ou finca o seu matutar na simples pergunta:
Por que tens sempre que partir?
(in Desistir)
Para, em certo ponto, se entregar cansada de tudo:
Cansei de sofrer,
Não quero mais.
Procuro a paz.
(in Espelho)
Assim, sem uso de muitas figuras de linguagem, ela vai poetando a vida ao seu modo único e singular no seu livro de estréia LIA AZUL [96 páginas,
publicação: Multilínguas e Gráficas Ltda./São Paulo-SP - 2000 (?)]
Como todo poeta estreante, ela ainda está presa ao seu "eu real". Com tempo, amadurecimento e leitura, certamente ela irá nos presentear com um "eu poético" dos mais ricos da poesia brasileira contemporânea.
© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943 - )
Poeta, escritor, dramaturgo
http://tanajura.cjb.net
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